O triunfo dos supermercados no Brasil da fome
Hoje, as grandes redes de supermercados são garantia de encontrar o preço mais baixo, porque elas têm a condição de espremer os fornecedores, levando-os inclusive a prejuízos e falências. Mas não sabemos se estaríamos pagando mais barato caso não existissem. Elas remoldaram nosso sistema alimentar de uma forma tão profunda que é impossível restituir as variáveis que nos permitiriam fazer essa conta
Primeiro de março de 2021. As ações do Assaí, braço de atacarejo do Grupo Pão de Açúcar, estreiam na Bolsa de Valores com 385% de valorização. Três semanas depois, o rival Carrefour responde, anunciando a compra do Big (ex-Walmart) por R$ 7,5 bilhões. Não há mais dúvida: estamos diante da terceira fase da guerra fria entre as duas gigantes do supermercadismo brasileiro. Agora, a aposta é para saber quem consegue se beneficiar mais do cenário de recessão, desemprego e inflação. Economistas, jornalistas e especialistas de diversas áreas têm buscado entender e explicar o brutal aumento do estado de insegurança alimentar e nutricional do país. Um inquérito recente da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Penssan) apontou que pelo menos 19 milhões de brasileiros passaram fome nos últimos meses de 2020. Mas, com raríssimas exceções, os supermercados não figuram na discussão. Essas corporações tiveram êxito total…