Os dilemas do nacionalismo irlandês
Após um longo período de crescimento no número de votos registrados na República da Irlanda, o Sinn Féin agora enfrenta dificuldades. O partido que sonhava apagar a fronteira que divide a ilha acaba de deparar com outra linha de fratura: a que opõe beneficiários e perdedores do modelo de crescimento idealizado por Dublin após a crise de 2009
Em fevereiro de 2015, Declan Kearney, então presidente do Sinn Féin [“Nós mesmos”, em gaélico], celebrava a ascensão ao poder do Syriza na Grécia e os sucessos eleitorais do Podemos na Espanha, manifestações de uma “guerra ideológica que se espalha por toda a Europa Ocidental e a América, envolvendo também a sociedade irlandesa”.[1] No entanto, em 2020 o Syriza já havia sido afastado do poder sem conseguir pôr fim aos planos de austeridade que devastavam a sociedade grega, enquanto o Podemos havia se aliado a um partido mais forte – o Partido Socialista (Psoe) de Pedro Sánchez – e renunciado à ambição de se tornar a força dominante da esquerda espanhola. O Sinn Féin, por sua vez, continuava esperançoso. Nas eleições gerais de fevereiro de 2020, obteve quase um quarto dos votos, superando os dois partidos tradicionais de centro-direita, Fianna Fáil [Soldados do Destino] e Fine Gael [Família dos Irlandeses],…