“Os israelenses não nos tratam como cidadãos”
Apesar da violência cega, a guerra travada por Tel Aviv contra a Faixa de Gaza não gerou grandes manifestações de solidariedade por parte da população árabe vivendo em Israel. Confrontada a uma situação de discriminação multiforme, essa população continua sendo uma categoria de cidadãos de segunda classe e tende a se isolar tanto do Estado como da vida política
Transeuntes passeiam pela orla marítima. As meninas estão impecáveis, a maioria das mulheres usa hijab, algumas atualizadas na moda mais recente: verde-oliva ou imitação de pele de lagarto. Potentes botes infláveis sobrecarregados de famílias inteiras fazem arabescos ao redor dos ferries de onde escapa a música estrondosa das estrelas egípcias Amr Diab e Akram Hosny. Bonecas, réplicas de AK-47 e grandes espadas made in China: os comerciantes de brinquedos para crianças estão lucrando. Isso poderia ser em qualquer país árabe; no entanto, estamos em Acre, no norte de Israel, em um dia de Eid al-Fitr, que marca o fim do Ramadã. Os habitantes de Gaza vivem sob bombas a 200 quilômetros de distância. Aqui, as pessoas correm, brincam, riem e chamam umas às outras. Cerca de um em cada cinco cidadãos israelenses, ou seja, 2,04 milhões em um total de 9,66 milhões, é árabe.1 Os ataques de 7 de outubro…