Para onde vão as contrarrevoluções árabes?
O bloqueio das instituições liderado há um ano pelo presidente tunisiano, Kaïs Saïed, parece ter fechado simbolicamente o parêntese democrático iniciado no Magreb e no Maxerreque em 2011. Esse congelamento é definitivo? Sem uma doutrina ideológica clara e projetos econômicos viáveis, as autocracias do mundo árabe mais cedo ou mais tarde sofrerão novos protestos de massa
Mais de uma década após as revoltas populares de 2011, as sociedades árabes vivem um estado de apatia e fadiga depois de uma onda incessante de pressões contrarrevolucionárias. As pessoas comuns estão exaustas: nenhuma ideologia digna desse nome irriga o corpo social, e aqueles que ainda gostariam de se mobilizar se chocam com uma repressão implacável. As elites políticas, por sua vez, estão desgastadas a ponto de não mais se esforçarem para convencer as massas de que um futuro melhor ou mais próspero as espera: elas apenas administram seus privilégios, mantendo o status quo. Essas duas dinâmicas se combinam para afastar da política a maioria da população. Parte dela já não consegue imaginar nenhuma outra salvação além de emigrar. Mas os que permanecem no país não ficarão imóveis nos próximos anos. A amplitude das crises sociais e econômicas que se desenham pressagia uma nova onda de descontentamento popular. A inércia…