Patentes, obstáculo à vacina para todos
Mesmo que tenham chegado às vacinas contra a Covid-19 graças a rios de dinheiro público, as companhias farmacêuticas as vendem a quem paga mais. No máximo, aceitam reservar as doses às suas nações de origem. E se os governos impusessem o fim da propriedade intelectual, de modo que os países que podem produzissem para os demais?
Todos se lembram do dilúvio de boas intenções formuladas por ocasião do confinamento no primeiro semestre de 2020. Na sociedade generosamente refundada que se seguiria, as vacinas deveriam ser “bens públicos mundiais”. Ainda em novembro, Emmanuel Macron se perguntava gravemente: “Estaremos prontos, quando uma primeira vacina chegar ao mercado, para garantir seu acesso em escala planetária e evitar, a qualquer preço, o cenário de um mundo ‘em dois níveis’, onde apenas os mais ricos conseguirão se proteger do vírus e retomar uma vida normal?”.1 As promessas não passaram disso. Em 18 de janeiro, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, fazia esta constatação aterradora: “Mais de 39 milhões de doses de vacina já foram administradas em pelo menos 49 países de renda alta. Apenas 25 doses foram administradas em um país de renda muito baixa. Não 25 milhões; não 25 mil; apenas 25”. Ele evocou assim…