Pequim ou Washington, quem definirá os padrões?
Se os canhões permanecem, por ora, mudos, o conflito já é intenso entre a China e os Estados Unidos nos meios de comunicação, nas instituições internacionais e nos salões ou círculos diplomáticos. No entanto, ele também se desenrola, ainda que de forma mais discreta, em outro domínio: o dos padrões que regem o comércio internacional e determinam seu futuro
As infraestruturas transformam profundamente o espaço. Essa constatação vale tanto para as de natureza física como para suas “primas” menos visíveis, as infraestruturas técnicas. Assim como represas e estradas, as regulamentações e os padrões elaborados no âmbito nacional – na França, pela Associação Francesa de Padronização (Afnor) –, europeu – sob a direção do Comitê Europeu de Padronização (CEN) – ou pela Organização Internacional de Padronização (ISO) facilitam as transações internacionais e contribuem para orientar as trocas transfronteiriças. Além disso, em uma economia organizada em cadeias globais de valor, estabelecer padrões permite que os líderes determinem o que os fornecedores produzem – por meio dos padrões de produto – e como – sob a forma de padrões de processo. Como já destacava Werner von Siemens no século XIX, “quem estabelece o padrão define o mercado”. O sucesso mundial da empresa que ele fundou parece ter dado razão ao grande industrial…