Periferias de São Paulo: conjuntura e pós-pandemia
O Brasil entrará em 2021 com aproximadamente 180 mil mortes ocasionadas pela Covid-19, a maioria nas periferias. Até novembro de 2020, entre 15 mil e 20 mil pessoas haviam morrido por causa da doença nas periferias paulistanas. Há um evidente entrelaçamento entre cidade, sociedade e pandemia. Pensar a cidade que queremos levando em conta o caos em que estamos é o desafio imediato que se coloca para os setores progressistas da sociedade e para moradoras e moradores das periferias
As condições de produção de uma tragédia1 Para compreender a aterradora quantidade de vítimas do novo coronavírus é necessário dar um passo atrás no tempo. No momento imediatamente anterior à chegada do vírus ao Brasil, pelo menos quatro crises estavam postas: econômica, política, social e sanitária. Essas crises foram desencadeadas por uma série de decisões políticas e tiveram por desdobramento a explosão do número de mortes. Sobre a crise econômica, cabe ressaltar que já há alguns anos se verifica no país um processo de desindustrialização e desmonte da sociedade salarial. O número de trabalhadores informais e de desempregados sobe a cada ano e os salários caem paulatinamente. Entrelaçadas com esses processos estão as reformas trabalhista e da Previdência, aprovadas em um contexto pré-pandemia. Essas reformas fragilizaram ainda mais os direitos sociais, incidindo diretamente na capacidade da população de se proteger durante a pandemia. A crise política se verifica desde o…