Petróleo, terceiro choque?
Ao contrário do que sugere a gritaria da mídia, os preços do petróleo estão relativamente baixos. Os verdadeiros problemas são o aumento incessante do consumo, e as relações políticas injustas — e portanto instáveis — que o Ocidente mantém com os países produtoresNicolas Sarkis
No espaço de vinte e sete anos, entre 1973 e 2000, o mercado mundial do petróleo foi sacudido por dois “choques” e dois “contra-choques” maiores — aos quais é preciso acrescentar as mini-crises, todas elas inesperadas. Expressos em dólares vigentes em 1973, os preços quase quadruplicaram nos dias que se seguiram à guerra de outubro de 1973 — 2,67 dólares por barril em 1972, 9,82 dólares em 1974. Alcançaram seu recorde histórico de 17,13 dólares em 1982, depois da revolução islâmica no Irã, antes de caírem a um terço após o primeiro contra-choque de 1985-1986.
O segundo grande contra-choque, de 1998, foi marcado por uma baixa de 34,3% nos preços, mas seguido, em 1999, por uma alta 42,2%. Apesar desta retomada, e antes do aumento repentino que, neste início de ano, levou a cotação do produto a cerca de 30 dólares, estes preços não tinham ultrapassado, em 1999, em dólares corrigidos, a metade de seu nível em 1974.
Ilusões de ótica e reações histéricas
Esta evolução constante deu margem a ilusões de ótica e a interpretações contraditórias. Os períodos de fortes altas avivaram os temores sobre a segurança das reservas dos países consumidores e sobre a cobertura das necessidades energéticas mundiais. As reações, algumas vezes histéricas, suscitadas pela primeira crise de 1973-1974 evocaram até mesmo o espectro da derrocada das economias ocidentais e do fim da “civilização judaico-cristã”.
Os tempos de depressão de preços suscitaram, ao contrário, um sentimento de euforia em relação à abundância de reservas petrolíferas mundiais, à redução dos custos e à existência de um excedente durável de oferta. Apesar de uma relativa mudança no mercado do petróleo em 1999, este sentimento predomina. As inquietações suscitadas pelas nacionalizações das empresas ocidentais no Oriente Médio e África do Norte (no início dos anos 70), pelo embargo (em 1973), pela revolução iraniana (de 1979-1980) ou pela invasão do Kuait pelo Iraque (em agosto de 1990) parecem esquecidas. Quanto ao famoso problema da “reciclagem” de centenas de bilhões de petrodólares que os países exportadores supostamente teriam acumulado, não está mais na ordem do dia: não há mais excedente financeiro a reciclar.
A partir de agora, são os países exportadores de petróleo que se inquietam com a segurança de seus mercados, com baixa de preços e lucros e com a multiplicação de impostos sobre os produtos derivados do petróleo nos países industrializados. Na maior parte deles, o problema não consiste mais em saber como utilizar os lucros excedentes, mas como pagar suas dívidas e fazer face às crises econômicas crônicas nas quais estão mergulhadas. Nenhum deles pensa em utilizar o petróleo como arma política, enquanto três dos principais países da OPEP — o Iraque, o Irã e a Líbia — estiverem submetidos a sanções norte-americanas ou internacionais.
Até quando esta situação pode perdurar? Esta pergunta pode parecer incongruente no clima de calmaria que marca as políticas energéticas dos países ocidentais desde o desmoronamento URSS e a guerra do Golfo. Os progressos tecnológicos nas atividades de exploração-produção, a erosão dos preços e a influência crescente dos Estados Unidos no mundo, em particular no Oriente Médio, são vistas como garantia, a longo prazo, de segurança das reservas e de manutenção dos preços a um nível relativamente baixo. Este otimismo também é reforçado pelos acenos que os países produtores lançam às empresas multinacionais, convidadas a reiniciar suas atividades de exploração e produção. Além do fato do Iraque estar ainda fora do circuito: seu pleno retorno ao mercado acentuaria a competição entre países exportadores e conseqüentemente a queda dos preços.
Estes argumentos certamente têm fundamentos a médio prazo, isto é, para os próximos cinco ou seis anos — a menos, é claro, que haja mudanças políticas importantes e imprevisíveis em um ou outro dos grandes países produtores. Foi o caso da queda da monarquia na Líbia, em 1969, da queda do xá do Irã, em 79, ou da invasão do Kuait pelo Iraque, em 90.
Capacidade de extração e geopolítica, as duas incógnitas
No entanto, as previsões sobre evolução da procura, da oferta e das capacidades de produção necessárias para cobrir o crescimento das necessidades mundiais estão longe de serem tranqüilizadoras no horizonte dos anos 2005-2010 e depois disso. Duas dimensões merecem ser levadas em conta: os dados fundamentais da indústria do petróleo e a geopolítica.
Todas as previsões convergem: as necessidades energéticas mundiais continuarão a crescer num ritmo sustentado, e o petróleo convencional continuará a ser, por décadas, a principal fonte de energia. Em compensação, as opiniões divergem quando se trata de saber se a oferta será suficiente para cobrir a demanda crescente, e a que preço.
No prefácio do último relatório “World Energy Outlook” da Agência Internacional de Energia (AIE), seu diretor executivo, Robert Priddle, ressalta as grandes incertezas que pesam sobre as previsões energéticas a longo prazo. Mas o texto coloca duas grandes questões: a parcela do Oriente Médio no atendimento das necessidades mundiais e o desenvolvimento do “petróleo não identificado e não convencional” [1] no decorrer do período 2010-2020.
Entre 1996 e 2010, os países do Oriente Médio membros da OPEP deveriam mais que dobrar sua produção de petróleo e derivados, elevando-a de 18,5 milhões para 43,7 milhões de barris ao dia (mbd), para garantir o que se espera deles no atendimento de uma demanda mundial que passará de 72 mbd a 94,8 mbd no período. No horizonte 2020, a produção do Oriente Médio deveria alcançar 49 mbd, ou seja, 164,2% a mais que em 1996. Quanto à produção de gás, ela deveria, segundo as projeções da AIR, praticamente dobrar, de 110 para 214 milhões de toneladas de equivalente petróleo (tep), no período de 1995-2010; e mais que triplicar, atingindo 376 milhões de tep em 2020.
Estas projeções parecem, entretanto, irreais. Para que elas se concretizem, será necessário um forte e rápido aumento dos preços e uma suspensão não menos rápida das sanções tanto contra o Iraque quanto contra o Irã, que detêm juntos cerca de um terço das reservas petrolíferas da região. Não menos hipotético é o desenvolvimento, entre 2010 e 2020, de uma produção de 19,1 mbd de petróleo identificado e não convencional (xisto, areias asfálticas, líquidos extraídos do carvão, biomassa etc). Também neste caso, a evolução dos preços será determinante. A AIE quer um barril a 17 dólares em 2000-2010 (em dólares 1990) e a 25 dólares em 2020. Para explicar tais projeções, ela ressalta que um crescimento de 65% das necessidades energéticas mundiais poderia desembocar em novos choques e mesmo numa ruptura dos estoques. Será necessário, então, por em prática novas políticas de consumo, de limitação de emissão de CO2 e de produção.
Como responder a estes desafios? Os “otimistas” estimam que os progressos técnicos permitem reduzir os custos, descobrir e produzir cada vez mais, e que a oferta não coloca, ao menos até 2020, nenhum problema. Ao contrário, os “realistas” lembram que o petróleo é uma fonte esgotável e que as descobertas estão na prática em declínio.
A batalha entre a técnica e o esgotamento das reservas
Num livro chamado Quel pétrole pour demain?, [2] Alain Perrodon, da firma Petroconsultants, iniciou uma análise detalhada da evolução real das reservas. Ele observa que a exploração é uma luta contínua entre a técnica, de uma parte, e o inexorável esgotamento dos objetos pesquisados, de outra. O petróleo não dá duas safras. Se a eficiência do caçador cresce, suas presas tornam-se menores e mais raras. As descobertas petrolíferas mundiais chegaram ao auge no início dos anos 60 e, desde então, seu ritmo não parou de diminuir. Logo, a abundância atual não deveria de maneira nenhuma ser sentida como garantia de segurança dos estoques.
Inúmeros especialistas independentes compartilham este ponto de vista. É o caso, entre outros, de Colin Campbell, do Petrodata Group Company, que goza de grande prestígio. Num longo estudo sobre o esgotamento das reservas, publicado em novembro de 1999, ele lembra que a era das grandes descobertas terminou e que a defasagem entre o crescimento das reservas e o da demanda se fará sentir em alguns anos. [3] Assim como os ex presidentes das sociedades petroleiras Agip e Arco, ele situa por volta de 2005 a data fatídica na qual a produção começará a se evaporar, com uma taxa de esgotamento de reservas da ordem de 3% ao ano. Ao mesmo tempo, o centro de gravidade da produção petrolífera mundial se instalará de maneira estável em cinco países do Oriente Médio: Arábia Saudita, Iraque, Irã, Kuait e Emirados Árabes Unidos, com todos os incômodos e todos os riscos políticos que isto implica.
Os dirigentes políticos e das companhias se calam. Os primeiros não querem ser tidos como cassandras evocando um tema altamente impopular. Quanto aos segundos, sua principal preocupação é tirar proveito a curto prazo e provar aos seus acionistas e aos seus capitalistas que tudo vai às mil maravilhas. Os presidentes da Arco e Agip só advertiram sobre perigo de esgotamento das reservas depois de terem deixado seus postos…
Esta serenidade é encorajada por um outro processo. A erosão dos preços, desde meados de 80, teve como conseqüência a redução considerável do impacto do petróleo sobre a economia mundial. A alta de 1999 despertou, é verdade, certos medos herdados dos dois “choques” de 1973-1974 e de 1979-1980. E, de novo, alguns agitam o a bandeira vermelha da inflação e da recessão. Estes medos e estas advertências estão, entretanto, completamente afastadas da realidade, porque silenciam tanto sobre a evolução dos preços em dólares corrigidos como sobre as mudanças consideráveis que a economia mundial sofreu no decorrer das três últimas décadas. Em primeiro lugar, o declínio considerável da parte do petróleo nas trocas mundiais.
Após a guerra de outubro de 1973, o valor das exportações mundiais cresceu quase sete vezes, passando de 829,1 bilhões de dólares, em 1974, a 5,547 trilhões em 1997, em dólares correntes. No mesmo período, o valor total das exportações petrolíferas mundiais somente dobrou, de 163,4 bilhões para 341,6 bilhões de dólares; sua parte nas exportações mundiais, que era de 19,6 % em 1974 e de 23,3% em 1981, caiu fortemente para somente 6,1% em 1997 — segundo as previsões, ela não deveria ultrapassar 5% em 1999. Já exportação do petróleo da OPEP caiu de 14,4% do comércio mundial em 1974 modestos 2,9% em 1997.
Se o valor das exportações de petróleo OPEP saltou para mais de 130 bilhões de dólares em 1999, é preciso relativizar esta cifra. A população dos países da OPEP totaliza 484,9 milhões de habitantes, maior que as dos Estados Unidos, Alemanha e Japão juntos. Em 1997, antes portanto do contra-choque de 1998, o valor total das exportações petroleiras da OPEP tinha sido de 161,5 bilhões de dólares — ou seja, 23,4% das exportações dos Estados Unidos, 31,5% das da Alemanha e 38,4 % das do Japão.
Até mesmo países como a Bélgica (10,2 milhões de habitantes), ou os Países Baixos (15,6 milhões de habitantes) tinham até então exportado, cada um, mais que todos os países OPEP reunidos. Estes exemplos são uma boa ilustração da desinformação de que certas mídias são às vezes capazes e pela qual são responsáveis… Um outro indicador significativo é que o Produto Nacional Bruto (PNB) por habitante nos países OPEP não ultrapassou 1.930 dólares em 1997 — enquanto variava entre 19.850 e 24.730 dólares nos países da Europa Ocidental, e atingia 17.230 dólares em Israel e 36.716 dólares no Japão.
Muito barato, mas estratégico
Enquanto as exportações mundiais de petróleo aumentaram, entre 1974 e 1997, em 27,4% (de 39,43 mbd para 50,19 mbd), seu valor diminuiu sensivelmente. Expresso no valor do dólar vigente em 1973, o preço real médio do petróleo OPEP caiu de 9,82 dólares/barril em 1974 para 5,61 dólares em 1997 e para 4,82 dólares em 1999. Segundo as últimas estatísticas do FMI, o preço médio do petróleo caiu 17,2% entre 1990 e 97, enquanto o índice mundial dos preços das matérias-primas subiu 12,9%.
Uma outra mudança importante explica o declínio do impacto do petróleo sobre a economia mundial. É o desenvolvimento dos serviços em detrimento das indústrias manufatureiras, principalmente nos países desenvolvidos. Nos Estados Unidos, a participação das indústrias manufatureiras no PNB regrediu de 22% em 1977 para 17% em 1997; a energia consumida por dólar de PNB, que já caía 1% ao ano recentemente, diminuiu 4% em 1997 e 1998. Segundo o departamento americano de Energia, as despesas petrolíferas representaram, em 1998, 3% do PNB dos Estados Unidos, contra 8,1% em 1981. Já há bastante tempo, na Europa Ocidental, o nível particularmente elevado dos impostos sobre os produtos petrolíferos tem sobre a inflação um impacto maior que o do preço do petróleo importado.
Desta forma, apesar do seu vigoroso realinhamento em 1999, os preços do ouro negro só tiveram uma incidência mínima sobre o aumento de preços para o consumo nos países importadores. Em sua edição de 18/12/99, o Wall Street Journal ressaltou muito bem esta evolução num artigo intitulado “O preço do petróleo dobrou este ano. Mas não há recessão?” O jornal americano lembra, no mesmo artigo, o repente de Mark Mills, do Competitive Enterprise Institute de Washington, segundo o qual “as empresas não deveriam lamentar o preço do petróleo mais que o preço do porco.”
No entanto, o petróleo conserva sua importância. Apesar do crescimento da participação do gás natural e de outras fontes de energia, continua e continuará a ser por décadas uma matéria prima estratégica e a principal fonte de energia. A partir desta constatação, dois problemas se colocam: 1) a estabilização dos preços a um nível que possa permitir um desenvolvimento das enormes capacidades de produção necessárias para satisfazer uma demanda que cresce ao ritmo de 2% ao ano; e 2) a divisão da renda do petróleo entre os países produtores e os países consumidores. Eles continuam sendo difíceis de resolver, principalmente se considerarmos de que forma o peso preponderante dos Estados
Unidos complica a situação.
A arrogância e as intenções ocultas dos EUA
“O povo americano aprendeu com a guerra do Golfo que é muito mais fácil e mais divertido chutar a bunda do pessoal no Oriente Próximo que fazer sacrifícios para limitar a dependência da América com relação ao petróleo importado.” É nestes termos que James Schlesinger, ex-secretário americano de Energia na administração Carter resumiu a opinião dominante nos Estados Unidos após a guerra do Golfo, num comunicado chamado “Transformações geopolíticas e mercado energético”, apresentado no XV Congresso do Conselho Mundial de Energia, em setembro de 1992, em Madri. Schlesinger tomou o cuidado de precisar : “Os que me conhecem sabem que nunca teria utilizado uma frase como esta se ela não fosse empregada nos níveis mais elevados do governo.”
Explicando seu pensamento, o responsável americano lembrou que, logo depois da derrota do Iraque e do desaparecimento da ameaça soviética sobre as jazidas petrolíferas do Oriente Médio, os temores com relação à segurança das reservas diminuíram muito nos Estados Unidos. O baixo nível das cotações, que contribui para a queda da produção nacional americana e o crescimento das importações, não é mais verdadeiramente um motivo de inquietação. Esta situação, insistia entretanto Schlesinger, permanece precária na medida em que ela depende, em primeiríssimo lugar, da política saudita e das relações americano-sauditas.
A guerra do Golfo confirmou também o impasse no qual se encontra o “diálogo” produtores-consumidores, bem como os equívocos que pesam sobre o conceito de cooperação entre estes dois grupos de países. Ora, desde 1974 as divergências de interesses e de políticas entre os Estados Unidos e seus aliados ocidentais são gritantes. Ao contrário dos países da Europa Ocidental e do Japão, os Estados Unidos têm recursos de energia abundantes que lhes permitem, a longo prazo e chegado o momento, satisfazer suas próprias necessidades. Além do mais, eles ocupam no cenário energético mundial um lugar privilegiado que lhes permite, em caso de crise, “se servir” bem mais facilmente que todos os outros. Primeiro consumidor e primeiro importador de petróleo no mundo, país de origem das maiores sociedades petrolíferas internacionais, os Estados Unidos têm, e sempre, exercido um papel primordial no desenvolvimento e orientação da indústria petrolífera e nas mudanças que este setor conheceu, principalmente desde o primeiro choque petrolífero de 1973-1974.
Muitos sinais que emanam simultaneamente dos EUA e dos países exportadores que lhes são próximos (Arábia Saudita, Venezuela e México) deixam pensar que o realinhamento dos preços petrolíferos, em 1999, abre uma nova fase. Estes três países tiveram um papel preponderante nos acordos que reduziram a produção, e sua iniciativa aparentemente foi sustentada pela administração norte-americana — que pelo menos não a desaprovou.
No espaço de catorze anos entre 1986 e 1999, as reservas petrolíferas demonstradas dos Estados Unidos caíram 40%, passando de 35,1 bilhões para 21,1 bilhões de barris, e sua produção recuou 31,2% — de 8,68 para 5,97 mbd. Ao mesmo tempo seu consumo saltou 18,1% — de 16,33 mbd em 1986 para 19,3 mbd em 1999; e sua dependência em relação ao petróleo importado passou de 33,2% para 50,9%. Nestas condições, não é certo que Washington continue a privilegiar preços baixos em detrimento da segurança das suas reservas. Pelo menos para o futuro previsível, as ameaças que pesam sobre esta segurança não são mais de natureza política mas, cada vez mais, física. Em 1999, as reservas petrolíferas caíram em 6,7% nos Estados Unidos e 1,8% a nível mundial. Os EUA são levados inexoravelmente, a aceitar preços suficientemente elevados para estimular os investimentos exploração-produção, tanto em seu território como em outras partes do mundo. É o que já fizeram no início dos anos 70 e também após a queda dos preços em 1985-1986.
Duas conclusões se impõem. A mais importante é que, contrariamente aos preconceitos, o petróleo não é uma matéria prima como as outras. É uma fonte natural que pode se esgotar. A evolução das reservas e da produção no decurso dos últimos anos, por um lado; e o crescimento das necessidades mundiais, por outro, são o verdadeiro pano de fundo que determinará as grandes tendências da indústria petrolífera para os próximos anos.
A segunda conclusão é que as principais partes envolvidas — países exportadores, países importadores e gran