Putin, os juízes e a bomba
Será que George W. Bush e Anthony Blair um dia serão acusados pela justiça internacional por terem desencadeado a invasão do Iraque com base em mentiras? Ao abrir um processo contra o presidente russo, o Tribunal Penal Internacional coloca em jogo não só sua credibilidade, mas também seu futuro
Em 17 de março, o Tribunal Penal Internacional (TPI) expediu um mandado de prisão do presidente russo, Vladimir Putin, por um crime de guerra: a deportação de crianças ucranianas. O tribunal não dispõe de nenhum meio para que ela seja efetivada; a curto prazo, essa decisão não terá consequência para o incriminado. No entanto, ela está longe de ser anódina. Na realidade, é a primeira vez que essa instituição inculpa o chefe de um Estado dotado de armas termonucleares que, além disso, está em tempos de guerra. A partir de agora, diversos cenários são possíveis. O primeiro seria o fortalecimento da justiça penal internacional. Desde sua origem, em 1998, o TPI passa por limites importantes. Além de um grande número de países, entre eles Estados Unidos, China e Israel, não terem ratificado seu estatuto de fundação, ele não dispõe de nenhuma força policial capaz de possibilitar a execução de sentenças.…