As narrativas da guerra
Os conflitos do cenário global geram repercussões geopolíticas, econômicas e sociais profundas. Além disso, afetam diretamente a vida e a saúde das pessoas expostas à violência
Os conflitos do cenário global geram repercussões geopolíticas, econômicas e sociais profundas. Além disso, afetam diretamente a vida e a saúde das pessoas expostas à violência
Desde a incursão ucraniana na região de Kursk, em agosto passado, as posições dos líderes ocidentais divergiram significativamente. Berlim anunciou a redução de sua ajuda militar, enquanto Londres e Washington autorizaram Kiev a lançar mísseis de curto alcance sobre o território russo. Como o Kremlin analisa esses eventos?
Desde o 11 de Setembro de 2001, a luta contra o terrorismo se tornou prioridade absoluta para os países ocidentais. No entanto, ela encontrou um ponto cego: a destruição dos gasodutos Nord Stream, em setembro de 2022. Claramente constrangidas, as autoridades políticas e judiciais evitam o tema, e não sem motivo. Dois anos depois, as investigações apontam não para o Kremlin, mas para Kiev, Washington e Varsóvia…
O Ártico sofre com as atividades econômicas e as trocas comerciais realizadas no restante do mundo. Essa região de ambiente extremamente frágil também sente os impactos das crises internacionais, cujo epicentro está a milhares de quilômetros de distância. Esse é o caso da guerra na Ucrânia, cujos efeitos são sentidos até no Polo Norte
Em julho de 2023, a segurança alimentar mundial parecia ameaçada. Moscou suspendeu sua participação em um acordo que permitia a exportação de grãos ucranianos pelo Mar Negro. No entanto, suas águas apresentam um surpreendente dinamismo comercial um ano depois, como se os dois beligerantes concordassem em limitar a escalada ali
Ao imporem medidas coercitivas de amplitude inédita, os países ocidentais pretendiam fazer Moscou recuar na Ucrânia. No entanto, a robustez da economia russa, cujas receitas petrolíferas retornaram ao nível pré-guerra, surpreendeu. A política de substituição de importações, o comércio com países emergentes e o desenvolvimento de um sistema financeiro autônomo fizeram o resto
Combates entre a França e a Rússia? Anteriormente inimagináveis, a hipótese se instalou após as declarações de Emmanuel Macron evocando uma “guerra existencial” e o envio de “tropas ao terreno” da Ucrânia. Desde então, o tom não para de subir em Paris e Moscou. Uma escalada que parece encantar os meios de comunicação franceses, em sintonia com o presidente da República
Avanços russos na Ucrânia, ajuda norte-americana para Kiev bloqueada no Congresso, perspectiva de um retorno ao isolacionismo na Casa Branca: um sentimento de vulnerabilidade está levando a Europa a endurecer sua postura. Para justificar o aumento explosivo dos orçamentos militares, seus líderes comparam a ameaça russa de hoje ao perigo nazista de ontem, esquecendo-se de outras lições que a história ensina
Kiev agora pode contar com novas tropas. Não mais os contingentes de voluntários em busca de aventuras, motivados pelo ódio à Rússia ou próximos a certos grupos locais de extrema direita, e sim mercenários, atraídos pelo desejo de ganhar. Na frente deles, colombianos: um tipo de exportação na qual o país latino-americano se especializou
Do ponto de vista do direito internacional, a situação é clara: a Rússia ocupa ilegalmente seu vizinho ucraniano, assim como Israel ocupa ilegalmente seu vizinho palestino. Ambos deveriam inspirar a mesma reprovação dos ocidentais. Não é o que acontece
Os bilhões de dólares de ajuda não foram suficientes; a contraofensiva ucraniana falhou. Na esperança de manter os fluxos financeiros vindos das capitais ocidentais, Kiev retrata seu agressor como uma potência colonial que ameaçaria toda a Europa. Retornar à história do Império Russo e ao lugar singular que a Ucrânia ocupa nela é um convite para questionar essa ideia
O Velho Continente escreve seu futuro ampliando seus erros passados: a exploração da mão de obra barata, um sentimento de insegurança econômica crescente nas classes populares das nações do oeste e uma sensação de subordinação, de colonização que não diz seu nome, no leste