Por que Moscou não negocia
Desde a incursão ucraniana na região de Kursk, em agosto passado, as posições dos líderes ocidentais divergiram significativamente. Berlim anunciou a redução de sua ajuda militar, enquanto Londres e Washington autorizaram Kiev a lançar mísseis de curto alcance sobre o território russo. Como o Kremlin analisa esses eventos?
A incursão de milhares de soldados ucranianos na região de Kursk, no início de agosto, certamente constitui um evento de grande importância. Pela primeira vez desde a invasão alemã de 1941, o território da Rússia foi atacado e ocupado por tropas estrangeiras. Esse aspecto simbólico – central nos cálculos do poder em Kiev – foi amplamente destacado pela mídia ocidental. Para o presidente russo, Vladimir Putin, trata-se de um grande insulto, especialmente porque a operação contou com a aprovação de Washington para o uso de mísseis norte-americanos de curto alcance. No entanto, pode-se falar em uma virada na guerra com a Ucrânia? Do ponto de vista militar, essa hipótese parece ser negada pelos últimos desenvolvimentos no campo de batalha: o Exército russo lançou uma contraofensiva em meados de setembro, ao mesmo tempo que continua seu avanço no Donbass, sem reduzir suas forças ali, como esperava o Estado-Maior ucraniano. A incursão…