Quem tem medo de Taylor Swift?
Como Taylor Swift se tornou uma ameaça para os Republicanos e uma esperança para os democratas
Após o debate presidencial, na última terça-feira (10), a cantora Taylor Swift fez um anúncio em seu Instagram, declarando seu apoio e voto para Kamala Harris e Tim Walz. Essa declaração já era temida pelos republicanos. Mas por que a influência de Swift é tão temida por Donald Trump e seus aliados?
Terceira colocada nas pesquisas
O fenômeno começou com uma pesquisa do Emerson College, que colocou Taylor Swift entre os três candidatos mais mencionados em uma sondagem de intenção de voto, considerando um cenário contra o atual presidente, Joe Biden (ex- candidato Democrata), e o ex-presidente, Donald Trump (candidato Republicano), Swift teria aproximadamente 8% dos votos.
Quem são os fãs de Taylor Swift e como votam?
Uma análise da YouGov revelou que cerca de um terço dos americanos admite gostar da música de Swift, enquanto 6% se consideram “fãs devotos”. Dentre esses fãs, 19% afirmaram que votariam na cantora se ela se candidatasse à presidência. A pesquisa também revelou que os democratas são os principais admiradores de Swift (49%), com números bem inferiores entre republicanos (26%) e independentes (21%).
Desde seu início em Nashville como cantora country até sua transição para o pop, em 2014, Swift tem uma influência considerável entre mulheres, especialmente jovens, em estados considerados conservadores nos Estados Unidos. Entre eles estão Pensilvânia, Geórgia e Arizona, três estados que aparecem como indecisos na pesquisa eleitoral do Washington Post em parceria com a ABC News e Ipsos.
Análise eleitoral
A XTB analisou as sondagens presidenciais com dados da Ipsos, mostrando Joe Biden como favorito à reeleição em uma disputa acirrada contra Donald Trump, liderando por apenas um ponto. Com 12% dos eleitores ainda indecisos e 11% planejando votar em candidatos independentes, o apelo de Taylor Swift pode ser decisivo para mobilizar eleitores jovens e indecisos, além de manter o apoio ao atual presidente.
Teorias da conspiração
Após o namoro de Swift com o jogador de basquete Travis Kelce se tornar público, surgiram várias teorias da conspiração e fake news. Uma em específico foi amplamente divulgada pela mídia – considerada republicana – antes do Super Bowl, sugerindo que o relacionamento da cantora com o jogador do Kansas City Chiefs, Travis Kelce, foi fabricado pelo governo americano como parte de um plano para influenciar as eleições. De acordo com essa teoria, a vitória dos Chiefs no Super Bowl teria como objetivo elevar a influência de Swift, tornando-a uma voz ainda mais poderosa a favor de Biden.
Uma pesquisa da Universidade de Monmouth revelou que aproximadamente um terço dos republicanos e um em cada cinco americanos acreditam nessa teoria. Patrick Murray, diretor do instituto de pesquisas, comentou que a teoria se espalhou entre apoiadores de Trump, com muitos aceitando-a como verdade sem conhecê-la antes da pesquisa.
Taylor Swift tem enfrentado ataques de defensores dessa teoria e figuras influentes com ideologias pró-Trump, como Vivek Ramaswamy e Jack Posobiec.
Guerra Santa
Em maio, apoiadores de Trump declararam uma verdadeira “guerra santa” contra Swift. Trump teria expressado descontentamento por não ter sido nomeado Personalidade do Ano pela TIME, um título concedido a Swift. Ele também afirmou que seria mais popular que a cantora. Esse ressentimento levou o ex-presidente a engajar-se em uma guerra cultural contra Swift.
Entre os eleitores de Trump, sua advogada Alina Habba provocou nas redes sociais: “quem acha que este país precisa de muito mais mulheres como Alina Habba e menos como Taylor Swift?”. A apresentadora da Fox News, Jeanine Pirro, também fez uma declaração ameaçadora: “não se envolva em política. Não queremos você lá.”
Posicionamento
Nesta quarta-feira, Taylor Swift usou seu Instagram para se pronunciar pela primeira vez em relação à eleição: “estou votando em Kamala porque ela luta pelos direitos e causas que acredito que precisam de uma guerreira para defender. Acho que ela é uma líder firme e talentosa, e acredito que podemos realizar muito mais neste país se formos liderados pela calma e não pelo caos.”
Swift expressou entusiasmo por Tim Walz como candidato a vice-presidente, destacando seu apoio aos direitos LGBTQ+, fertilização in vitro e o direito da mulher ao seu próprio corpo. Ela revelou que decidiu se posicionar publicamente após a circulação de uma imagem falsa criada por IA, que alegava seu apoio a Trump. Isso a levou a ser transparente sobre seus planos de votação para combater a desinformação.
Ao final, Swift assinou a carta como “childless cat lady” (Mulher sem filhos e com gato), possivelmente como uma resposta ao comentário de JD Vance, que recentemente disse que os EUA estão sendo governados por “mulheres sem filhos e com gatos, miseráveis em suas próprias vidas e que querem tornar o resto do país miserável também.”
A artista, que teve um impacto econômico significativo nos EUA ao longo do último ano, pode agora representar um triunfo para os democratas e uma verdadeira pedra no sapato para os republicanos.
Rafael Luz Bomfim é estudante de comunicação com experiência em redação para blogs, com formação técnica em administração e pesquisador com foco em comunicação política, inteligência artificial e relações de trabalho