Reconciliar a esquerda e a classe média
É compreensível que os ex-emergentes, agora em decadência, vejam em Lula a saída para voltarem a aspirar a uma vida melhor. Mas não podemos nos esquecer daqueles que se viram espremidos entre pobres e ricos nos governos do PT e que ainda mantêm certo ressentimento, oscilando na preferência por Lula ou Bolsonaro
Mário mora num bairro de subúrbio do Rio de Janeiro e trabalha como motorista de táxi (ele paga diária, não é proprietário da licença). Antes da pandemia, tirava uns R$ 3.500 por mês para manter a família. Sua esposa, Kátia, organiza festas infantis e o retorno depende muito da época do ano – com a pandemia, ficou totalmente parada. Eles têm dois filhos: um na escola pública e a mais velha na faculdade privada, cuja mensalidade é paga com o esforço de Mário e da própria filha, que faz alguns bicos para manter os estudos. Podemos considerar que a renda familiar dos quatro é de R$ 5.000 em média, o que era possível antes da pandemia. Isso deve pagar aluguel, condomínio, contas da casa, comida para os quatro (o mais novo, como todo adolescente, come muito), despesas de saúde (significativas, pois Mário tem problema de coração e pressão alta), a…