Renda universal às portas do poder
O candidato democrata às eleições presidenciais, Lee Jae-myung, pretende fornecer um auxílio básico a todos os sul-coreanos – durante um trimestre, ele fez uma experiência similar em seu governo provincial. Essa proposta pode surpreender em um país historicamente hostil ao Estado de bem-estar e à assistência social
“Sem renda universal, o sistema capitalista não pode continuar funcionando normalmente.”1 Em dezembro de 2020, o candidato democrata à presidência da Coreia do Sul, Lee Jae-myung, então um governador de província, parecia categórico. Seu objetivo de longo prazo: oferecer aos 52 milhões de sul-coreanos um pagamento mensal de 500 mil wons (R$ 2.250), ou 14% do salário médio. Desde então, a ideia evoluiu para uma promessa de campanha. “Antes do fim de meu mandato, vou disponibilizar 2 milhões de wons por ano (R$ 9 mil) de rendimento básico a todos os jovens e 1 milhão de wons (R$ 4,5 mil) ao resto da população”, garantiu ainda em julho passado, diante da Assembleia Nacional.2 O compromisso de Lee Jae-myung começa com a constatação de um espetacular desenvolvimento da automação na indústria coreana. Em 2020, o país tinha 932 robôs para cada 10 mil funcionários, de longe a maior densidade do mundo.3…