Resistência e morte de uma geração de intelectuais
No fatídico aniversário de cinquenta anos do golpe de Estado contra o governo de Salvador Allende, este texto descreve a repressão sofrida pelas Ciências Sociais no Chile e, sobretudo, as ações de solidariedade internacional, fruto de relações pessoais e acadêmicas estabelecidas nas décadas pretéritas
No dia 15 de setembro de 1973, sob a tensão e a emoção das últimas jornadas vividas no Chile, um grupo de acadêmicos se reuniu para avaliar a situação política e o futuro incerto de sua vida, sua carreira e seu país.1 O local do encontro foi a sede da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), instituição representativa de um dos mais ousados projetos acadêmicos de nível internacional impulsionados na região e que contou, desde sua criação, em 1957, com fortíssimo apoio e contribuição de colegas e instituições europeias e norte-americanas. Nessa reunião, decidiu-se pela criação do Comité International des Sciences Sociales pour le Chili, recorrendo-se, dessa forma, a uma rede social e acadêmica que havia se estabelecido ao longo de mais de quinze anos por intermédio da Flacso e outras instituições. Nesse momento também se decidiu que a solidariedade internacional aos acadêmicos atingidos pelo golpe de Pinochet seria centralizada…