Rumo às profundezas da Transamazônica
Trata-se da terceira maior estrada do Brasil, com uma distância equivalente ao trecho entre Lisboa e Helsinki. Mas uma rodovia inacabada, com trechos não asfaltados. Projeto faraônico lançado no início dos anos 1970, a Transamazônica deveria ligar o Brasil ao Oceano Pacífico. Entretanto, ela trouxe principalmente as chamas que devoram a grande floresta sul-americana
Chegando a Lábrea, no coração da Amazônia brasileira, presenciamos uma cena que parece ser comum: com celular em mãos, motoqueiros cobertos por uma película de poeira ocre perguntam aos transeuntes onde fica a placa que marca o fim da Rodovia Transamazônica. Todos querem imortalizar o fim de sua jornada, após 4.260 quilômetros de viagem. Mas a placa nunca existiu, porque a cidadezinha não deveria ser o ponto final da rodovia. Há cinquenta anos, o plano dos militares, então no poder no Brasil (1964-1985), era construir uma ponte sobre o Rio Purus, em Lábrea, e continuar a obra até Benjamin Constant (não o autor francês, mas o general que a Constituição de 1891 apresenta como fundador da República brasileira), no estado do Amazonas, 640 quilômetros adiante. No total, a rodovia deveria estender-se por 4.960 quilômetros. Ela acabou parando a um Paris-Toulouse de lá, após quatro anos de trabalho. Sem placa comemorativa...…