Sem catarse e sem resistência: dois anos sem Carnaval
A ausência dos tradicionais dias de festa, apesar de necessária, provoca um incômodo nos brasileiros. Pode-se dizer que a falta do Carnaval não é sentida como mera saudade. Na verdade, alcança maior amplitude, sobretudo porque agravada por um pernicioso mandato presidencial. A peculiaridade dessa falta será considerada despretensiosamente neste artigo, sob quatro aspectos: identidade, felicidade, resistência e esperança
Carlos Lyra compôs a Marcha da Quarta-Feira de Cinzas (1963), canção a um só tempo melancólica e política, que descreve esse famigerado dia da semana que sucede o feriado de Carnaval: “Acabou nosso carnaval. Ninguém ouve cantar canções, ninguém passa mais brincando feliz e nos corações saudades e cinzas foi o que restou. Pelas ruas o que se vê é uma gente que nem se vê, que nem se sorri, se beija e se abraça (…)”.
A pandemia da Covid-19 chegou ao Brasil logo após o feriado de Carnaval de 2020. Trocaram-se as máscaras venezianas pelas máscaras de proteção respiratória, restando, enfim, a sensação de uma constante Quarta-Feira de Cinzas. Em 2021, o Carnaval foi devidamente cancelado como medida preventiva. Agora, em 2022, sob ameaça de novas variantes e com a vacinação em andamento, os carnavais de rua do país estão sendo novamente suspensos.
A ausência dos tradicionais dias de festa, apesar de necessária, provoca um incômodo nos brasileiros. Pode-se dizer que a falta do Carnaval não é sentida como mera saudade. Na verdade, alcança maior amplitude, sobretudo porque agravada por um pernicioso mandato presidencial. A peculiaridade dessa falta será considerada despretensiosamente neste artigo, sob quatro aspectos: identidade, felicidade, resistência e esperança.
Identidade
O Carnaval é um fenômeno social que compõe a alma brasileira, seja por representar nossa diversidade cultural, seja por permear a memória nacional, dando ao povo sentido de tradição e pertencimento. A brasilidade do Carnaval como expressão de originalidade cultural é exaltada, com frequência, em produções artísticas e intelectuais do país.
A Semana de Arte Moderna de 1922 ocorreu, não por coincidência, em pleno Carnaval, no Teatro Municipal de São Paulo, e objetivou sintetizar a identidade nacional, por meio de uma vasta renovação artística. O evento contou com nomes célebres da pintura, escultura, arquitetura, música, dança e literatura, como Oswald de Andrade, Guilherme de Almeida, Menotti del Picchia, Ronald de Carvalho, Mario de Andrade, Anita Malfatti, Heitor Villa-Lobos, Victor Brecheret, Di Cavalcanti, Guiomar Novais, entre outros.
Conforme idealizou o Movimento Antropofágico, originário desse período, as referências europeias deveriam ser engolidas, digeridas e ressignificadas pela influência indígena e africana, o que resultou numa produção artística original e fielmente brasileira. “Tupi or not tupi that is the question”, resumiu Oswald de Andrade em seu Manifesto Antropófago. O mesmo autor, no Manifesto da Poesia Pau-Brasil, descreveu o Carnaval como elemento estrutural da cultura brasileira, inclusive atribuindo-lhe religiosidade e ancestralidade: “O carnaval no Rio é o acontecimento religioso da raça. Pau-brasil. Wagner submerge ante os cordões de Botafogo. A cozinha. O vatapá, o ouro e a dança.”.
A Tropicália, retomando a linha antropofágica, foi um movimento cultural iniciado no final da década de 1960. Aliado ao resgate das tradições nacionais, propôs uma renovação musical e estética que revigorou a MPB e a bossa nova, misturando folclore, pop e rock’n’roll, com nomes notáveis como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Rita Lee, Tom Zé, Gal Costa, Torquato Neto, entre outros. O disco “Tropicália ou Panis et Circencis” de 1968, síntese dessa corrente, faz diversas alusões carnavalescas.
Considerando esses dois movimentos artísticos como exemplos vanguardistas da busca pela definição e valorização de uma identidade brasileira, dentre outros que também tiveram objetivo semelhante, verifica-se que o Carnaval não é somente um aspecto singelo da nossa cultura, mas uma tradição medular, que dialoga com a nossa forma de pensar e agir, servindo de metáfora na linguagem, de referência artística e integrando a própria concepção de ser do povo brasileiro. A propósito, o primeiro romance publicado pelo grande escritor Jorge Amado é intitulado “O País do Carnaval” (1931).
Vivemos hoje uma crise identitária, além de tantas outras. Apropriaram-se das cores da nossa bandeira nacional para pregar um falso patriotismo, maculado por uma visão entreguista, submissa, burlesca e preconceituosa. É a anti-brasilidade trajada de verde e amarelo. O atual governo federal mantém constantes ataques à classe artística, além de censuras e ameaças à produção cultural.
Ariano Suassuna, ícone literário e defensor ferrenho da cultura brasileira, já afirmara com muita precisão que “um povo que não respeita a sua cultura perde a sua identidade e pode perder até a sua independência”.
Por este motivo, o Carnaval fez especial falta. Cada estado do país festeja conforme sua regionalidade, mas têm em comum a intensa exaltação da língua, da música e da dança brasileiras. A criatividade dos nossos artistas e do próprio povo é aflorada pela lúdica festa. Resultam coreografias, figurinos, composições musicais e outras formas de expressão. À guisa de exemplo, fevereiro revelou consagrados autores, como Noel Rosa, Lamartine Babo, Ary Barroso, João de Barro (Braguinha), Carmen Miranda, Chiquinha Gonzaga.
Felicidade
No Brasil, temos a crença difundida de que o ano só começa, de fato, depois do Carnaval. Considerado ritual de passagem anual, contém certa espiritualidade. É no Carnaval, e não no Ano Novo, que lavamos a alma para esquecermos as mazelas do ano que passou e darmos início a uma nova fase de nossas vidas, com outras realizações. O Carnaval é a nossa renovação, nosso virar de páginas, carregado de superstições. Explode no presente, reforça cultura pretérita, enquanto já se projeta o espetáculo futuro.
É pela sua irreverente alegria que o Carnaval é cobiçado pelo turismo internacional e mobiliza tanta mão de obra.
Nos últimos dois anos, vivemos meses de tristeza e desânimo, sofremos lutos incuráveis. Tivemos que conter a propagação de ódio e de desinformação. Virou bordão dizer o óbvio: vacinas salvam vidas! A fome voltou a ser um problema primário de um típico país de terceiro mundo. E estamos famintos. Não só de comida. Mas de algum alívio e de alguma alegria. Falta-nos uma bela dose de riso; do mais puro riso, daquele que não tem motivo. “Quanto riso, quanta alegria! Mais de mil palhaços no salão…”
Machado de Assis, como não poderia deixar de ser, também abordou o tema do Carnaval, e enunciou: “Rir não é só le propre de l’homme, é ainda uma necessidade dele” (1894). Nesse sentido, Manuel Bandeira, em sua poesia Bacanal (1919), que integra um livreto chamado justamente Carnaval (recitado na Semana de Arte Moderna por Ronald de Carvalho), escreveu: “Lá se me parte a alma levada No torvelinho da mascarada, A gargalhar em doudo assomo… Evoé Momo!”.
É também o que diz uma antiga marchinha chamada Primeiro Clarim (1970): “Hoje eu não quero sofrer, hoje eu não quero chorar. Deixei a tristeza lá fora, mandei a saudade esperar (…). Quero me afogar nas serpentinas quando ouvir o primeiro clarim tocar. Quero ver milhões de colombinas a cantar trá lá lá. Quero me perder de mão em mão. Quero ser ninguém na multidão!”.

Resistência
O Carnaval, ainda, tem natureza libertária. É a expressão do sarcasmo, da ironia, representados pela deusa Momo da mitologia grega, expulsa do Olimpo por zombar dos outros deuses.
É período de transgressão permissiva. O Brasil, um dos países mais cristãos do mundo, sai às ruas embriagado e seminu, em oposição à cultura oficial da devoção religiosa, para performar uma verdadeira parodização, um escárnio. Nesses quatro dias de emancipação, Deus e o Diabo se fantasiam um do outro e permitem a junção do melhor dos seus conhecimentos.
Esse caráter livre e jocoso do Carnaval o faz um fenômeno político potente. Uma festa mítica, anárquica, em homenagem à liberdade. Nelson Rodrigues, em 1967, ainda que criticando, testemunhou: “Começou o Carnaval e, de repente, da noite para o dia, usos, costumes e pudores tornaram-se antigos, obsoletos, espectrais“.
Por outro lado, a ideia do Carnaval como festa subversiva e contrária à moral e aos bons costumes existe desde a sua origem, tendo sobrevivido a diversas tentativas de repressão. Durante o período da ditadura militar, a censura instaurada pelo Ato Institucional nº 5 de 1968, que endureceu o regime, proibia protestos, músicas políticas, nudez e qualquer outro elemento que fosse considerado contrário, de alguma forma, à chamada família tradicional brasileira.
No desfile das escolas de samba de 1969, a Império Serrano teve que dar explicações sobre o tema escolhido “Os heróis da liberdade”, cujo samba-enredo, de Silas de Oliveira, Mano Décio da Viola e Manuel Ferreira, fazia referência direta ao Hino da Independência ao cantar “A liberdade já raiou! Essa brisa que a juventude afaga; Essa chama que o ódio não apaga; É a revolução em sua legítima razão”. Por consequência, a escola foi acusada de macular um símbolo nacional e só foi liberada após a substituição da palavra revolução por evolução. Apesar da constante vigilância, o tema da liberdade foi abordado outras vezes por escolas de samba, demonstrando como o Carnaval é também palco de protesto, até em períodos de opressão.
O filme Tatuagem (2013) de Hilton Lacerda, passado em 1978, época da chamada “abertura lenta e gradual” da ditadura militar, revela o medo dos setores artísticos, que ainda rondava o país. Nesse contexto, instala-se um teatro numa pequena casa de espetáculo, localizada na periferia de Recife, onde se apresenta peça abordando desordem e loucura, com estética carnavalesca, para contestar o falso moralismo do regime ditatorial. O filme narra a história de Fininha, jovem soldado recém ingressado no trabalho militar obrigatório, de família religiosa, que passa a se relacionar com os atores do teatro, indivíduos insurgentes, e se vê envolvido pela paixão, liberdade e erotismo daquele antagonismo. A ordem de proibição imposta pelo censor ao espetáculo não impede os artistas de se apresentarem, ainda mais provocativos. O filme corrobora a correlação ora aventada entre Carnaval e resistência.
Sobre essa qualidade de oposição política do Carnaval e até sobre sua utilização metafórica, Chico Buarque e Francis Hime compuseram o samba “Vai Passar”, em 1984, durante a campanha pelas “Diretas Já”, que se tornou símbolo da transição ao governo civil após 21 anos de ditadura militar. A letra é uma alegoria crítica dos anos sombrios e ao mesmo tempo um tributo esperançoso à resistência: “Dormia a nossa pátria mãe tão distraída, sem perceber que era subtraída em tenebrosas transações. Seus filhos erravam cegos pelo continente, levavam pedras feito penitentes, erguendo estranhas catedrais. E um dia, afinal, tinham direito a uma alegria fugaz. Uma ofegante epidemia que se chamava carnaval. O carnaval, o carnaval. Vai passar! Palmas pra ala dos barões famintos, o bloco dos napoleões retintos e os pigmeus do bulevar. Meu Deus, vem olhar! Vem ver de perto uma cidade a cantar a evolução da liberdade até o dia clarear!”.
A utilização do Carnaval como forma de amplificar reivindicações sociais e refletir a realidade da sociedade brasileira nunca deixou de acontecer. Nos últimos anos, escolas de samba do Rio de Janeiro e de São Paulo exploraram críticas político-sociais que ganharam espaço na mídia internacional.
A carioca Mangueira, em 2019, defendeu o emocionante enredo “História para ninar gente grande”, criado pelo carnavalesco Leandro Vieira, cujo desfile exaltou líderes da história brasileira, especialmente índios e negros, tendo como destaque homenagem à vereadora Marielle Franco, vítima de assassínio político. O samba-enredo cantou: “A Mangueira chegou, com versos que o livro apagou. Desde 1500 tem mais invasão do que descobrimento. Tem sangue retinto pisado. Atrás do herói emoldurado, mulheres, tamoios, mulatos. Eu quero um país que não está no retrato (…) Salve os caboclos de julho. Quem foi de aço nos anos de chumbo. Brasil, chegou a vez de ouvir as Marias, Mahins, Marielles, malês. Mangueira tira a poeira dos porões. Ô abre alas pros teus heróis de barracões dos Brasis que se faz um país de Lacis, jamelões”.
A paulista Águia de Ouro, em 2020, desfilou o enredo “O poder do saber. Se saber é poder… quem sabe faz a hora, não espera acontecer”, aludindo lema que integra música de Geraldo Vandré, símbolo de resistência à ditadura militar (Pra Não Dizer que Não Falei das Flores – 1968). Apresentando o desenvolvimento e a história do conhecimento, um dos destaques do desfile foi o carro alegórico em homenagem ao imortal educador brasileiro Paulo Freire, alvo recorrente de falas ofensivas do Presidente Jair Bolsonaro.
Faz falta essa singular natureza do Carnaval de resistência libertária. Atualmente vivemos sob um governo ultraconservador, representado por um presidente que já manifestou repúdio a essa festa tradicional, definindo-a como agressora à moral, aos bons costumes e à família tradicional brasileira.
Nesse contexto, o supramencionado carnavalesco da Mangueira, quando a escola se consagrou vencedora, disse: “Carnaval é a festa do povo não o que ele acha que é”, respondendo os pronunciamentos presidenciais que tentavam atribuir obscenidade à festa, e prosseguiu: “O Carnaval da Mangueira é do povo, da arte, da cultura popular!”.
É certo que o presidente, ao ridicularizar essa tradição, vai frontalmente contra a personalidade do país que governa, ignorando que a cultura é direito do povo, garantido pela Constituição Federal. O artigo 215 da Carta Magna estabelece in verbis: “O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais”.
Não bastasse a simbólica e imponente expressão da liberdade contra o conservadorismo e o autoritarismo, o Carnaval propicia, ainda, a concreta ocupação das ruas das cidades, dos espaços públicos, por multidões democráticas que entoam uma só voz de espontaneidade e êxtase. “A praça é do povo como o céu é do condor”, bradou Castro Alves.
Esperança
O Carnaval ajudou a consolidar, mais ainda, o samba como o ritmo tipicamente brasileiro, de forma a se tornarem absolutamente indissociáveis. Desde que o samba é samba, entende-se que esse ritmo musical transcende a batucada para se concretizar como filosofia e estilo de vida, como uma forma de contemplação apaixonada da existência. Isso reverbera no espírito carnavalesco. O samba celebra a vida por meio da simplicidade cotidiana dos compositores e intérpretes populares.
Zé Keti compôs “A Voz do Morro”, na qual sustentou: “Eu sou o samba. A voz do morro sou eu mesmo sim senhor. Quero mostrar ao mundo que tenho valor. Eu sou o rei dos terreiros. Eu sou o samba. Sou natural aqui do Rio de Janeiro. Sou eu quem levo a alegria para milhões de corações brasileiros. Queremos samba, quem está pedindo é a voz do povo do país”.
Sabemos que o Carnaval no Brasil é a maior e mais feliz festa do mundo. Temos, como povo, uma alma festeira, apesar de motivos de sobra para sermos amargos. Talvez esse seja o segredo. Ora, para ser feliz é preciso ter sido triste. O Carnaval é a explosão de uma felicidade contida. Sabemos também que o samba não nasceria sem tristeza. O samba vê beleza no desalento. Vinícius de Moraes e Baden Powell escreveram o Samba da Bênção (1967) que diz: “pra fazer um samba com beleza é preciso um bocado de tristeza. É preciso um bocado de tristeza, senão, não se faz um samba, não. (…) Porque o samba é a tristeza que balança. E a tristeza tem sempre uma esperança. A tristeza tem sempre uma esperança de um dia não ser mais triste”.
O samba é forma de ser feliz e de lidar com a dor e a precariedade de ser brasileiro. Adoniran Barbosa ilustrou essa ideia num diálogo sobre a letra da música Torresmo à Milanesa, de sua autoria: “ – Carlinhos, em vez de ‘bife à milanesa’, coloca ‘torresmo à milanesa’ – Tudo bem, Adoniran. Mas posso perguntar por quê? – Porque não existe. E coloca também, ao invés de ‘torresmo à milanesa’, ‘um torresmo à milanesa’. – Tá bom. Mas por que só um? – Porque é mais triste.”.
O samba, enfim, sabe que estar vivo é a milagrosa dádiva e que sofrer é uma consequência necessária desse bem maior. Lembremos, agora, porque o samba ensinou: “Eu sei que a vida devia ser bem melhor e será. Mas isso não impede que eu repita: É a vida, é bonita e é bonita”.
Diz-se que o maior Carnaval de todos os tempos foi o de 1919. O Rio de Janeiro havia sido devastado, no ano anterior, pela gripe espanhola. A velha capital presenciou cenas macabras. Os sistemas de saúde e funerário colapsaram. Havia cadáveres espalhados, recolhidos por caminhões de lixo.
Além disso, a Primeira Guerra Mundial também havia recentemente terminado. Tudo a contribuir para a intensidade do Carnaval do fim do mundo, o Carnaval da revanche, “a grande desforra contra a peste que dizimara a cidade”, como descreveu o escritor Ruy Castro.
Estrondoso, eufórico, foi uma liberação geral de tensões. No típico estilo sarcástico da festa, a fantasia que mais se via era a de espanhola, com castanholas e rosas, fazendo referência ao apelido da doença. Após tanto sofrimento, os foliões explicitaram o alívio e a delícia de simplesmente estar vivo.
O Carnaval é a aglomeração ideal, com “chuva, suor e cerveja”, nos versos de Caetano Veloso. A maioria de nós permaneceu durante a atual pandemia da Covid-19 mantendo, na medida do possível, o isolamento social. Sobrevivemos a um governo sádico e negacionista. A mudança há de vir neste ano de eleições. Podemos esperar, a partir do precedente do século passado, que depois virá um Carnaval sem igual, que será uma grande catarse, a curar nossas dores.
Lilian Assumpção Santos é mestranda em Direito Penal pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Especialista em Direito Penal e Direito Processual Penal pela PUC-SP.