Sobre conversas e revoluções
Longe das baboseiras impostas como grandes verdades, estamos rompendo paradigmas, modificando a economia e o trabalho, mostrando que, fora do capitalismo selvagem, existe inteligência. Tem gente que acha isso utopia. A nossa utopia! Eu creio, tu crês ser realidade… só por prazerHernani Dimantas, Dalton Martins
Após a publicação do nosso último artigo, tive uma conversa com o nosso editor Antonio Martins. Ele me chamou a atenção para um hermetismo exagerado ao falar sobre as redes. Pensei muito nisso. No motivo que nos faz complicar, ao invés de simplificar. Entendo que, por um lado, preciso desse discurso epistemológico, argumentos que operam na validação científica. Por outro, ninguém aguenta isso. Creio que o melhor da nossa criatividade se faz no ritmo do jazz.
As redes são muito simples. As redes são conversações. Falei muito disso no Marketing Hacker, um blog que se tornou antológico num momento em que a internet era moleque. Os mercados são conversações. Falar é fácil e o silêncio é fatal foi meu mantra na virada do milênio. Foi nesse momento que a internet deu uma guinada. A bolha tinha estourado. Os pets shops virtuais não passavam de uma promessa não realizada. Enfim, as pessoas eram mais importantes do que a cultura de massa.
A conversação foi catalisada. As pessoas se apropriaram dos blogs, do gmail, do MSN, do delicious, youtube, flirck, torrents… sei lá quantas outras redes estão sendo construídas a cada momento. A rede se auto-alimenta, se cruza, se miscigena. A rede mistura. Bem-vindo à cultura do remix. Os MCs não me deixam mentir.
Bem, isso não é novidade. Podemos perceber que “alguma coisa acontece no reino da Dinamarca”. Alguma coisa que está modificando os rumos da economia, do trabalho imaterial, A distância entre as pessoas está a um clique. Um sinal verde do gtalk me indica quem da minha rede mais próxima está online. Falo com um monte de gente ao mesmo tempo. Fecho assuntos importantes, agendo um almoço, um jantar… e, converso com toda a equipe de trabalho. Tá todo mundo conectado.
O tempo é de mudanças. Ou morte. Logo, dito dessa forma. Sou pela vida. Pois, a vida não tem Undo
Costumava dizer que o compartilhamento de interesses e a preocupação com todos nos fazem mais humanos. Esse é o foco da ética hacker. Hoje, temos implementado em vários projetos essa rede de conversações. Miranos o futuro. Estamos ansiosos para viver um mundo melhor. Esse deveria ser o legado da sociedade contemporânea. O tempo é de mudanças. Ou morte. Logo, dito dessa forma. Sou pela vida. Pois, a vida não tem Undo.
A vida é diferente daquela que aprendemos a viver. Longe das baboseiras impostas como grandes verdades. Estamos rompendo paradigmas e mostrando que existe vida inteligente fora do contextual capitalismo selvagem. Tem gente que acha que isso é utopia. A nossa utopia! Eu creio, tu crês ser realidade… só por prazer… As pessoas estão conectadas. Estão conversando.
O mundo já mudou. O passado mora no ICQ. Quem quiser viver no futuro deve deixar seus pertences no Matrix. Tomar as pílulas vermelhas, e cair na real. Sem broadcast para nos escravizar, sem ferramentas de marketing para nos idiotizar. Quero ser feliz. Conversar com todos os seres escondidos atrás dos seus monitores coloridos. Para isso… vamos falar… mas falar até secar nossas gargantas… e ouvir sem preconceito a voz das pessoas. Aprendendo e ensinando para buscar um mundo melhor. Essa é a promessa da web. Let’s go, man!
Mais:
Dalton Martins e Hernani Dimantas assinam, no Caderno Brasil, a coluna Sociedade em Rede. Edições anteriores:
O paradoxo do real
Somados os percursos, teremos reconstituído uma pluralidade de mundos dentro de um mesmo e único mundo. Ou como escreveu Borges: “… sentia que o mundo é um labirinto, do qual era impossível fugir, pois todos os caminhos, ainda que fingissem ir ao norte ou ao sul, iam realmente a Roma”
A era das trocas par-a-par
Na virada do século, o desenho das redes na internet passou por uma grande transformação. Ao invés da subordinados a um servidor, os computadores e seus usuários passaram a falar uns com os outros. A mudança abriria um leque de possibilidades ? inclusive no terreno da Educação
A cultura hacker
Confundidos propositalmente, pelo pensamento conservador, com invasores de rede, hackers somos todos os que agimos para que informações, cultura e conhecimento circulem livremente. E esta ética de cooperação, pós-capitalista, vai transbordando do software livre para toda a sociedade
Em busca da ativação
Desenvolvido desde 2002, método simples e instigante quebra barreiras em relação às redes sociais on-line e cria, em comunidades e instituições, ambientes de colaboração e compartilhamento. Prática revela como é tênue a diferença entre a presença “virtual” e a que se dá “em carne e osso”
Caminhos da revolução digital
Apesar de dominante, o capitalismo não consegue mais sustentar a lógica de acumulação e trabalho. Seus principais alicerces ? a economia, a ética burocrática e a cultura de massas ? estão em crise. Com a internet florescem, em rede, novas formas de produzir riquezas, diálogos e relações sociais
O desafio do Open Social
Em nova iniciativa supreendente, o Google sugere interconectar as redes sociais como Orkut, Facebook e Ning. Proposta realça sucesso dos sistemas que promovem inteligência coletiva e convida a refletir sobre o papel da individualidade, na era da colaboração e autorias múltiplas
Multidões inteligentes e transformação do mundo
Esquecidas na era industrial, mas renascidas com a internet, as redes sociais desafiam a fusão entre o poder e o saber, permitem que colaboração e generosidade sejam lógicas naturais e podem fazer da emancipação um ato quotidiano
Por trás dos links, as pessoas
Há dois séculos, a ciência