Sobre o oportunismo na diplomacia
Grupo de países criado entre 2009 e 2011, os Brics – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – acabam de receber seis novos membros: Arábia Saudita, Argentina, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã. Embora seja muito diversa para oferecer uma visão comum da ordem internacional, essa aliança ilustra a nova geopolítica: a de um mundo à la carte
Um novo mundo emerge, no qual as regras do jogo são acirradamente negociadas entre um Ocidente que perde hegemonia e o chamado “Sul global”, ainda longe de estar unificado. Nesse perigoso duelo, volátil e fluido, os atores tecem alianças de momento, enquanto os desafios planetários se tornam mais prementes do que nunca.1 Quem imaginaria que a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos se meteriam nas trocas de prisioneiros entre Rússia e Ucrânia? Que os bons serviços da China selariam o restabelecimento dos laços entre Teerã e Riad?2 O campo da mediação está em plena mudança. O mundo ingressou naquilo que Samir Saran, presidente do think tank indiano Observer Research Foundation, chamou de “parcerias de sociedade limitada”,3 acordos entre estruturas (organizações regionais, coalizões e pactos diversos) por vezes antagonistas. Esse “minilateralismo” se apresenta como um multilateralismo com perfil e geometria variáveis, e com cada ator tentando lucrar o mais rápido…