Sobre viver, apesar das grades
Desde 1998, a Amparar trabalha com o acolhimento e o fortalecimento de pessoas afetadas pelo sistema de justiça criminal. Abaixo, compartilhamos algumas de suas vozes no esforço de pensar o cuidado, a saúde e o desencarceramento como parte de um projeto comum de luta e valorização da vida.
“Nós somos mulheres, negras, pobres e periféricas. Somos nordestinas ou filhas de nordestinos. […] Nossa luta iniciou-se em 1998, quando nossos filhos foram parar na Febem-Imigrantes, local tenebroso onde se tratava com desrespeito a vida da criança e do adolescente. […] Meninos que perderam o baço devido à tortura, meninos que morreram queimados, esfaqueados, enforcados e outras tantas mortes monstruosas. Foi em meio a este cenário monstruoso que nasceram as mães da Febem: mães que não lutavam individualmente, mães que lutavam pela igualdade. Sempre tivemos como objetivo principal denunciar este Estado criminoso e genocida. […] mas a senzala é cheia de crueldade e a barbárie continua. […] Agora somos a Amparar, somos mães de luto, do cárcere e de dependentes químicos. Somos seres humanos, temos direito à vida com dignidade. […] Nós somos mães negras, pobres e periféricas que protegem seus filhos rezando. Somos mães com o coração cheio de amor pelo próximo e com a voz de longo alcance. Basta! Queremos igualdade social! Basta deste genocídio em série! Basta de encarceramento em massa! Basta, Basta, Basta! Um desabafo: “Só queremos ser mães!” Temos direito à vida, temos direito de ser mãe e temos direito de termos nossos filhos vivos!” (carta aberta da Amparar)
A tia-avó que viu e ficou. Quando fui visitar meu irmão, ele me disse que foi tirado da cela e levado ao diretor. Do nada, sem saber de nada, ele sentou e escutou: “seu filho morreu, mas já faz um pouco mais de trinta dias. Então, já era”. O primogênito tinha levado um tiro na perna. Ele já estava caído, ia ser preso e poderia até encontrar o pai. Por vingança ou cortesia, o segundo tiro fez avaria: caiu e levou outro, no coração. O pai só soube que a polícia havia arrancado a vida de seu filho pela raiz após trinta dias, porque o diretor exigiu que a certidão de óbito fosse digitalizada. Ele pediu isso pra uma família que morava num barraco, na beira do rio. O diretor gritava: “A cadeia é minha! A lei sou eu!”.
Na liberdade, o pai órfão de filho visitou seu túmulo. Colocou flores e se culpou; meu irmão chorava como quando ele era pequeno. O dia a dia era estranho, ele não conseguia ficar parado, parece que nunca mais se acostumou com o lado de cá. Ele entrava e saía, só pra poder sair e entrar de novo, sem ninguém pra revistar. Parece que estava procurando aquele movimento do pátio. Entra e sai: tititi. Eu nunca fiquei presa, mas eu vejo por eles: ficar preso é uma coisa doida, que mexe.
Um dia, ele acordou passando mal. O médico disse: “se tivesse vindo cinco meses antes, ele tinha conseguido viver o tratamento”. No domingo, internamos; na sexta, ele morreu, foi rápido. Meu irmão não sabia que, depois de três anos preso, tinha no corpo o HIV. Atrás das grades, saber o que acontecia em seu corpo, carregava o peso de mais um silêncio fúnebre promovido pelo Estado.
No mesmo dia em que o filho mais velho foi sepultado, dois anos depois de ganhar a liberdade, o pai morreu no hospital. Tudo foi muito doloroso pro caçula, doente de dor da perda: do pai e do irmão. Ele se anestesiava pensando no suicídio; tentou várias e várias vezes. Cada vez mais dias sem dormir, cada vez mais dias sem comer, cada vez mais dias no fluxo[1] – sem querer viver. Depois de cinco meses tentando, ele também morreu, anestesiado.
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Quem cuida de quem? Dona Renata usava um gorro branco e felpudo, uma saia laranja e um casaco cor-de-rosa. Na porta da geladeira, um pedaço de papel marcava as datas das consultas médicas nas próximas semanas, junto a vários imãs com telefones de entregadores de gás. Como em toda visita que fazíamos à sua casa, ela nos recebeu com café e um tabuleiro enorme de bolo de fubá, mas não comeu nada. Por conta da diabetes e de outros tratamentos de saúde – mês passado, por exemplo, havia feito uma ponte de safena no coração –, costumava manter uma dieta bem restrita. Hoje, Dona Renata conta com o apoio de seus três filhos, oito netos e 28 bisnetos para cuidar de si: aplicar insulina, ir ao hospital e às consultas agendadas, organizar-se com remédios, tratamentos de saúde e o que mais aparecer.
Perguntamos como andava a vida e, misturando fatos cotidianos com fatos de Deus, como de costume, atribuiu à sua companhia o fato de ainda estar aqui: “se não fosse Deus, eu já tinha embarcado”. Apesar disso, Dona Renata trazia boas notícias: na igreja, tinha conhecido uma advogada que prometeu ajudá-la a processar o Estado. “O Estado torturou ele por 30 anos e não perdeu a guarda”, lembrou. “Quando ele saiu, só não aprontou porque não podia: um dia em casa, um dia no hospital e o terceiro no cemitério. Ele não tomou sol, não comeu direito, não tomou água direito, não teve uma higiene direito. Ele ficou preso por 30 anos, ganhou tantas doenças… E nenhuma foi cuidada”.
Dona Renata costumava contar que, no início, ter o marido preso foi como a dor do luto, da perda. A notícia trouxe o fim da esperança, além de uma visão de si mesma pra sempre levando sacolas na porta da prisão, vestida feito pantera cor-de-rosa: “Deus me livre, aquele cheiro é muito ruim. Aquele lugar cheira a dor e sofrimento, os muros parecem um cemitério”. Ela não gosta de lembrar dos anos visitando o Zé. Foi um tempo em que teve de aprender a se virar sozinha e, ainda hoje, seu corpo sente as consequências. Naquele dia, enquanto falava, se levantou, afastou o tapete e tirou as cartas que guardava do marido, da época em que estava preso. “Antes, quando eu e o Zé éramos do mundo, a gente usava esse buraco pra guardar outras coisas, sabe…? A gente passava dias e noites inteiros aqui no chão dessa sala… Mas hoje… vocês e Deus me ajudam a encontrar outros caminhos”.
Tirando as cartas do pequeno buraco e passando-as para nós, mudou o assunto: “eu tenho todas as cartas dele falando que tava doente, cada vez pior, tenho tudo registrado. É muito dolorido; depois de tanto tempo devolveram ele pra mim e ficamos juntos aqui fora só dois dias. Quando eu fui ler o processo, parecia que ele tinha um atendimento de primeiro mundo: exames, internações, medicação. Mas ele não teve direito nenhum, ele morreu”. Zé não viveu as angústias de alguém que não conseguiu regularizar seus documentos, não protagonizou a difícil busca por um emprego ou teve de lidar com uma dívida impagável em forma de multa. Zé ficou vivo em outras condições; ficou vivo pra sair e respirar o ar do mundo antes de morrer.
Hoje, com 50 anos de espírito livre, Dona Renata diz sentir-se grande no grupo de mães. “Teve uma época que eu tava tão sozinha, eu achei que ia morrer… Eu gosto muito de quando vocês vêm aqui, gosto muito de estar com as outras mulheres e sentir que posso ajudar elas com a minha história. Também aprendo muito, sabe?”. Dona Renata sentou de novo e olhou contente para mais uma fatia de bolo em nossas mãos. Com uma xicrinha de café sem açúcar, seguimos a conversa. Ela, animada, nos disse que seu próximo plano era comprar um fogão a lenha e instalar do lado de fora da casa. Assim, poderia fazer uma feijoada para todos os amigos e pessoas queridas – mesmo que ela mesma não possa comer.
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Mar que corre pro rio. Luiza passou por relacionamentos difíceis em sua vida. Teve um marido que foi muito abusivo, depois arrumou um outro que não ficava atrás. O terceiro a maltratava muito, violência pra tudo quanto é lado, até acabar. Hoje, o atual é da mesma forma. Ela diz que não tem sorte com homem, mas quem é que tem?
Pra completar, seu filho está preso. Teve uma época em que ele deu muita alegria, mas aí começou a dar trabalho. Mesmo assim ela leva o jumbo, faz a visita, luta por justiça: filho é filho. Quando ele foi transferido para uma penitenciária, lá no fundão de São Paulo, ela passou por um aperto. Até sentir o cheiro do filho, precisou passar por filas atrás de filas. A primeira foi a mais rápida, logo pegou uma senha para as demais. Seguiu para a segunda, em um guichê que registrou seus dados e carimbou seu braço. Na terceira, passou por um detector de metais e aferiu a temperatura corporal. Na quarta, revistaram a comida, preparada com muito carinho e vasculhada sem qualquer cuidado. Foi, depois, para a quinta, momento que a fizeram abrir a sua boca, mexer no cabelo, mostrar a sola do pé, levantar a camiseta e virar o cós da calça, virar para frente e virar de costas, e depois voltar novamente para passar pelo detector de metais. Ali, devolveram seus documentos e pediram para ela ficar na sexta fila, ao lado do scanner corporal, esperando a sua vez de passar pela máquina.
Ainda não tinha passado pelo scanner e não sabia como seria. As imagens produzidas mostram todos os órgãos, até mesmo camadas de gordura debaixo da pele. Corpo radiografado gera uma imagem a ser interpretada. Já tinha ouvido falar que esse aparelho acabava com a ordem de tirar a roupa, agachar nua em um espelho, e atestar que seu corpo não carregava nada além das dores de mãe de preso. Mas, sabe como é, os agentes que operam a máquina são os mesmos formados em revista vexatória. Pode dar o que for na mão deles, vai ser isso.
Estava menstruada, e não sabia que o scanner, ou melhor, os agentes que interpretam as imagens, veriam tanto perigo em um absorvente repleto de sangue. Fizeram trocar o absorvente, passar novamente pela máquina e, ainda assim, ser levada para um hospital para verificarem o que havia de tão perigoso em seu aparelho reprodutivo. Quando o médico constatou que não havia nada, era apenas um útero inchado durante a menstruação, uma agente prisional não se conformou: “não tem nada?”. Luiza perdeu a hora da visita e o final de semana, foi e voltou: 12 horas pra cada viagem, nada de ver o filho. Ela disse que tinha duas alternativas: ou só colocava o absorvente depois da revista – e corria o risco de sujar a roupa – ou tomava remédio pra atrasar o ciclo. Ela escolheu a segunda opção. Hoje, tem problemas vasculares.
Moradora do litoral e com o filho preso perto do Rio Paraná. Separados pelas grades e centenas de quilômetros, quando se veem, são feito águas que se encontram. Mar que corre pro rio: força de mãe desafia a natureza. Toda semana ela vai pro grupo de mães, isso a mantém de pé, viva. Parece que não, mas estar perto de outras mulheres, com quem pode dividir e aliviar dores, a fortaleceu. Numa viagem, depois de uns dias dormindo e acordando, Luiza começou a falar da dificuldade em aceitar a realidade, do vazio, da felicidade em estar viajando para um lugar que não é a prisão. Contou que não se abria com ninguém. Também não é fácil quando seu filho não está preso por tráfico, quando o crime mexe com a vida e com a morte – não interessa, mãe é mãe. Mas, ela encontrou esperança, alguma coisa dentro dela mudou e a fez acreditar em si.
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Cortes na carne. Quem passa por esse tipo de massacre na vida sente na pele. Em um movimento quase ensaiado, de dentro pra fora e de fora pra dentro, prisão e periferia fazem morrer. É a prisão de um pai, que adoece um filho, que já não podia mais viver porque a polícia assim quis. Junto à culpa, uma doença silenciosa corrói o pai, que vive as grades também na rua e parte antes de ser capaz de cuidar do filho caçula. Sem ninguém para cuidar de ninguém, o caçula também não é capaz de cuidar de si. Quem nasce em uma família assim, estruturada e desestruturada pela prisão, vem de um ventre com grades, carregando dor e adoecimento através das gerações. São famílias negras, famílias pobres, com descaminhos de vida traçados pela atuação seletiva da polícia e do Judiciário antes mesmo de nascerem. Tamires, por exemplo, veio de uma família assim. Hoje, tem mais ou menos 30 anos e cumpre pena no regime semiaberto, sem ninguém. A cada retorno, enche a mão esquerda de diazepam, como se fosse bala, e engole para suportar. Os olhos espantados de quem vê sempre acompanham a frase: “não faz efeito em mim”. Tamires, hoje, tem um filho. Como será que ele está?
Para quem tenta cuidar através das grades, esse processo também adoece. Dona Renata viu seu marido morrer aos poucos, e em vão tentava fazer valer a voz de suas cartas, e não a do Estado – que, para o juiz, dizia estar provendo o “tratamento adequado” para um quadro de saúde supostamente pouco grave. Foram 30 anos de espera e, principalmente, de tortura – que deu o tempo exato de rua ao marido de Dona Renata para que passasse um dia em casa, um no hospital e o último no cemitério. Ainda assim, dizem que a pena de morte não existe mais. Seu marido, depois de morto, ainda morreu mais uma vez, quando o Estado disse que buscar justiça “não daria em nada”. Como se a morte dele, também, não fosse nada. A dor da distância, a dor pelo sofrimento abafado de quem amava, a dor da perda, do luto e da solidão, pouco a pouco tomaram conta de quem Dona Renata é. Hoje, tem uma ponte de safena no coração, diabetes e uma lista longa de compromissos semanais no posto de saúde.
Para aqueles e aquelas que têm mais sorte – ou a pele mais branca, ou a conta bancária mais abarrotada – do que o marido de Dona Renata ou do que Fabiano, pai dos dois rapazes, a liberdade ainda assusta. Assusta porque as sequelas e o cárcere permanecem: é a polícia que mata, o tráfico que chama, o juiz que volta pra buscar e a doença que não parte jamais. Se prisão e morte geram a dor da distância, do medo e da solidão, a liberdade é um parto de alto risco – marcada pela dor do medo, pela ansiedade, pelos pensamentos inquietos, pela pressão que sobe, pela fila de espera do SUS, que agora substitui a fila de visitas. O cárcere também permanece para quem, um dia, visitou. Quem, a cada duas semanas, entra e sai de um lugar assim, também carrega dentro de si dores que não deixam de doer. Luiza, que um dia entendeu que se medicar era a alternativa possível à tortura de ter seu corpo visto, revisto e revirado, hoje caminha com problemas vasculares e uma nova lista de medicamentos que tentam (talvez em vão) silenciar a dor do que não pode ser apagado da memória.
E como viver? Há quem busque doenças que aliviam a dor. Doenças como o cigarro, o alcoolismo e a dependência química, que reorganizam memórias, redimensionam o trauma, adormecem a dor. A vizinha de Dona Renata encontrou a fuga no crack, porque cheirar pó é caro. Ela, entre médicos e remédios – sem açúcar, por causa da diabetes –, encontra conforto em Deus. Sem Deus, ela disse, já teria embarcado. Mas como viver após a perda de um irmão e um pai? Um irmão que morreu pelo Estado, um pai que o Estado deixou morrer. Como deixar ir embora os sonhos de uma vida que poderia ter sido, mas não foi? Há quem encontre fuga na igreja; há quem encontre fuga no fluxo. Há aqueles e aquelas para quem, assim como o caçula, nada disso funciona. Não à toa, os muros das prisões parecem muros de um cemitério.
E, ainda, insistem em perguntar: por que falar em sobreviventes do sistema prisional? Porque quem passa por esse tipo de massacre sente na pele, no coração, na vida; de forma tão intensa que se espraia para gerações e redes de afeto passadas, presentes e futuras. Sair do cárcere não é ser egresso – como são aqueles e aquelas que terminam um curso ou uma faculdade. Quem sai do cárcere, e permanece vivo, é sobrevivente; procura na vida estratégias de sobrevivência, anestesias, apoios que o Estado não soube fornecer antes da prisão, não quis proporcionar durante o encarceramento e não é capaz de dar após a liberdade. Quando a busca é por políticas de saúde, o que a administração oferece, via de regra, são encaminhamentos lentos e padronizados, medicamentos muitas vezes inadequados ou insuficientes, um olhar técnico raro e, quase sempre, um olhar que julga. Mesmo assim, achamos que, por terem formação técnica, vão resolver os problemas; é quase um Deus que vai te trazer a resposta.
Dona Renata e Luiza buscaram força e acolhimento em outro lugar. Quando chegaram à Amparar, assim como tantas outras mulheres, carregavam consigo dores que não sabiam nomear ou expressar. Aos poucos, participando de espaços de escuta coletiva e acolhimento, “sentiram-se grandes”, como diz Dona Renata. Acolher com igualdade é acolher com empatia; é criar espaços de confiança e escuta para que violências, torturas e abusos sejam compartilhados e, assim, se criem estratégias de cuidado integral para lidar com a dor. São dezenas de mulheres que, quando cruzam caminhos com a Amparar, passam a frequentar a UBS de seus bairros, consultar-se com ginecologistas, fazer exames de mama – coisas que não faziam antes porque, sempre cuidando do outro, fazendo favor pro outro, limpando a casa do outro, não cuidavam de si mesmas. Se ver no brilho do olho de outra pessoa, em um encontro marejado de dores, pode curar muitas feridas.
Quando você fortalece uma mãe, fortalece a família toda. Assim começou a Amparar e assim seguimos acreditando que a saúde está na escuta, no acolhimento, no fortalecimento em rede de famílias que, imersas nas políticas de morte do Estado, precisam respirar.
Maria Railda Silva, Miriam Duarte Pereira, Ana Clara Klink de Melo, Léia Santos, Mariana Lins de Carli Silva e Pedro Rivelino são integrantes da Amparar
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Este especial é uma parceria Le Monde Diplomatique Brasil e Radar Saúde Favela – Fiocruz, cuja equipe é composta por Fábio Araújo, Marina Ribeiro, Fábio Mallart, Larissa França, Raimundo Carrapa, Emerson Baré, Mariane Martins, Luciene Silva e Paulo Roberto Ribeiro.
[1] Fluxo é como são chamadas festas espontâneas e independentes que acontecem nas ruas das periferias urbanas de São Paulo. Apesar de guardarem especificidades de acordo com as diferentes regiões em que acontecem, costumam ter música alta, consumo de álcool e outras drogas e a presença de um público principalmente jovem. Diante da quase inexistência de espaços de lazer e sociabilidade para a juventude nas comunidades, o fluxo é reivindicado como uma expressão de luta pelo direito ao lazer e à diversão. Fluxo, além disso, é o nome dado à dinâmica de agrupamento e movimentação de usuários/as de drogas nas regiões centrais de São Paulo, principalmente àqueles/as vinculados/as à chamada “Cracolândia” paulistana.