SUS na pandemia: um herói trágico
Em nome da “saúde da economia”, o governo federal se tornou cúmplice de mortes que poderiam ter sido evitadas e não logrou reverter a recessão econômica. Essa escolha política nos conduziu a uma situação na qual não tivemos políticas efetivas contra a Covid-19 nem melhorias nas taxas de emprego e renda
Vivas ao SUS, que atende pacientes graves e vacina a população gratuitamente, substituíram as notícias sobre as deficiências assistenciais da rede pública. O sinal de mais na frente da palavra SUS, acrescentado no contexto das respostas equivocadas e omissões do governo federal para o enfrentamento da pandemia do novo coronavírus, é, em princípio, contraditório. O SUS tornou-se herói, embora o país tenha perdido mais de meio milhão de habitantes – um reconhecimento pelos méritos de uma política pública universal e suas ações e especialmente pelo trabalho de profissionais de saúde. O aparente paradoxo pode ser compreendido tanto no âmbito internacional como no contexto singular do país. Manifestações de apreço aos serviços públicos e a quem neles atua, mais ou menos efusivas, ocorreram em diversos países. Em tese, bons sistemas de saúde seriam capazes de interpor barreiras efetivas para proteger vidas da população. Segundo esse critério, evitar mortes, tradicionais sistemas universais…