Garimpo e arrendamento, duas faces da mesma moeda
Ouro e soja: produtos amarelados, tipo exportação, cujos destinos se entrecruzam nos continentes europeu e asiático, violando direitos de milhares de famílias indígenas brasileiras pelo caminho
Ouro e soja: produtos amarelados, tipo exportação, cujos destinos se entrecruzam nos continentes europeu e asiático, violando direitos de milhares de famílias indígenas brasileiras pelo caminho
A tragédia que se abate sobre os povos indígenas brasileiros, especialmente os Yanomami, é um dos mais graves crimes já cometidos na história recente brasileira – já tão cheia de horrores. A gravidade da situação é ainda maior se pensarmos que aquela é apenas a ponta de iceberg da imensa crise ambiental
A tragédia humanitária que acomete o povo Yanomami não resulta de fato esporádico e repentino, mas de paulatina sistematização de ações/omissões destrutivas e violadoras dos direitos humanos fundamentais
O diálogo é a ferramenta de luta, seja ele falado, dançado, cantado, escrito ou mesmo expressado nos olhares, no silêncio e nos gestos. O olhar de dor, de injustiça conta e narra esta história de uma comunidade ainda muito vulnerável e lutando para sobreviver.
A tragédia se torna ainda mais dramática graças aos desastres do atual governo, o que era esperado, mas não na dimensão que tomou quando combinado com a pandemia
No Brasil, ao lado de uma biopolítica neoliberal que faz viver e deixa morrer, estamos diante de uma necropolítica que faz morrer e deixa morrer, a qual se desenvolve por meio de diferentes práticas e dispositivos que contam com apoio de várias camadas da população
Ainda que parte da sociedade esteja vislumbrando um horizonte de retorno com o avanço da vacina, há nessa volta uma verdade invisibilizada: não há perspectiva de normalidade para quem sempre esteve na barbárie. A pandemia nas prisões acumulou – e segue amontoando – incontáveis violações de direitos básicos.
Nova série do Le Monde Diplomatique Brasil traz análises produzidas por militantes de movimentos sociais inspiradas nas mais de duzentas manifestações pela democracia e contra Bolsonaro realizadas em todo país no dia 7 de setembro
Bolsonaro não sofrerá um impeachment, e seguirá emprestando seu sobrenome para outros fenômenos difusos e violentos em outras partes do mundo, na falta do que chamá-los.
Em nome da “saúde da economia”, o governo federal se tornou cúmplice de mortes que poderiam ter sido evitadas e não logrou reverter a recessão econômica. Essa escolha política nos conduziu a uma situação na qual não tivemos políticas efetivas contra a Covid-19 nem melhorias nas taxas de emprego e renda
Pazuello, sem formação qualquer na área da saúde, assumiu o Ministério mais importante na pandemia porque era necessário que houvesse uma disposição, dentro de uma cadeia de comando, de respeitar a hierarquia e assumir os riscos em nome de um “projeto ideológico”, sem responder pessoalmente às consequências desses atos
Em sua saga para aniquilar o Estado brasileiro, ao relevar inaptidão, despreparo e desprezo pela ação pública, o presidente conduz um governo que alimenta o preconceito contra tudo que é público e deixa implícita a direção a tomar: franquear ao privado a gestão da nação
O fracasso da “comunidade internacional”, que condenou à morte 800 mil tútsis em Ruanda, tem sido objeto de muitas análises desde 1994. Mas como compreender o silêncio dos Estados e dos intelectuais africanos enquanto se perpetrava, à vista de todos, o último genocídio do século XX? Até hoje, os assassinos vivem tranquilamente espalhados pelo continente
Nos últimos meses, dois relatórios estabeleceram a responsabilidade acachapante da França e de François Mitterrand no genocídio dos tútsis em Ruanda em 1994. Essa cumplicidade é reflexo da história ou um simples arranjo político pontual entre os países? Na França, o controle do acesso aos arquivos constituiu um entrave para a busca por respostas
Há uma ruptura explícita dos tênues laços de solidariedade social-coletiva, ainda existentes na sociedade, com a instituição de uma vacinação censitária pelo critério de renda e não de vulnerabilidade
País atingiu o fundo do poço e Bolsonaro e o seu governo continuam a cavar
Quem passeia pelas cidades brasileiras rapidamente se dá conta dos efeitos práticos de um sistema alicerçado na violência: grades, muros, ruas com cancelas, milícias fazendo as vezes de segurança privada nos bairros de classe média e alta. Grades, muros, toques de recolher, chacinas em bares nos bairros de classe baixa. O contraponto ao genocídio de jovens negros, índios, mulheres e outras minorias é um país estruturado de alto a baixo para operar, geração após geração, esse genocídio
Longe das celebrações do genocídio de 1994, o governo ruandense persegue a renovação de um antigo dispositivo de formação dos guerreiros da época pré-colonial. Dos mais baixos escalões da administração local às mais altas esferas do poder, um culto à guerra ganha o país.Thomas Riot
Denunciando em 1109 os ensinamentos do profeta Maomé, Guibert de Nogent definia o princípio da propaganda de guerra. Nada mudou desde então, exceto a época. De Saddam Hussein a Mahmoud Ahmadinejad, um “novo Hitler” substitui o outro
Os indícios de que uma solução final estava sendo planejada eram claros já em 1993. Mesmo assim, a comunidade internacional fechou os olhos, manteve o apoio ao regime responsável pelo genocídio e retirou a força de paz da ONU durante os massacresColette Braeckman
No mais recente genocídio africano, “conflito étnico” é, de novo, um mito que mascara a realidade. Na raiz dos massacres está a disputa por petróleo, e a omissão calculada dos EUA, China e FrançaGérard Prunier