Uma farsa neoliberal e machista travestida de ciência
A explicação do comportamento humano e sua interação social não pode ser simplesmente reduzida a um contexto de determinação genética
A explicação do comportamento humano e sua interação social não pode ser simplesmente reduzida a um contexto de determinação genética
Nas últimas décadas, a biologia molecular abriu perspectivas vertiginosas: agora é possível modificar a genética de um embrião, de modo a corrigi-la para seu próprio bem, explicam certos pesquisadores, mas correndo o risco de alimentar um mercado de humanos sob medida, retrucam outros. Como informar a população e impor limites a essas práticas?
As descobertas e os testes genéticos podem representar uma nova eugenia, algo preocupante, pois camufla-se com argumentações científicas em uma sociedade que tem aflorado a cada dia mais discursos racistas e preconceituosos
É preciso modificar seres vivos transformando as informações que os organismos transmitem de uma geração a outra? Dispomos cada vez mais de ferramentas que permitem interferir nos genomas de maneira dirigida e precisa, o que a natureza faz aleatoriamente. Antes do êxtase ou do pavor, a perspectiva reclama uma reflexão racional: por que e para que fazer isso?
Os avanços na pesquisa genética estão permitindo identificar a predisposição a doenças e a intervir nos genes responsáveis ainda na fase de gestação. Estas conquistas das ciências tornam possível o que antes era ficção cientifica: a eugenia, ou seja, a seleção genética de acordo com valores e critérios de cada cultura
O DNA, supostamente, é um patrimônio de cada indivíduo. Mas já temos exemplos nos quais os governos se atribuem o direito de negociar o acesso aos bancos de dados genéticos com os grandes laboratórios de pesquisa. Em outros lugares, as informações são disponibilizadas para os órgãos policiais de controle
A produção de testes customizados, que oferecem ao cliente uma previsão de risco para o desenvolvimento de doenças com fatores genéticos conhecidos, tornou-se um negócio altamente lucrativo. E a Google está investindo pesadamente no setor. Mas será que a informação genética pode ser tratada como outra informação qualquer?