Tango e política
De Carlos Gardel a Astor Piazzolla, da versão “clássica” à sua reinvenção, uns mais, outros menos, todos conhecem o tango. Apesar de o identificarmos em geral como sexy e dramático, codificado e estilizado, sabemos que essa música que dança, popular em todos os sentidos do termo, tem um passado intricado com a história política da Argentina
O tango, sem dúvida, é uma dança. E também uma música, um canto, uma poesia. Normalmente atribuímos sua origem, de maneira mais ou menos vaga, à Argentina. Entretanto, ao vermos casais desenhando no espaço uma espécie de coreografia do desejo sublimado, muito raramente nos perguntamos como ele nasceu e, menos ainda, se sua história tem alguma ligação com a política. No entanto, ele é produto de certa política e, ao mesmo tempo, desde seu nascimento, parceiro de uma relação muitas vezes tempestuosa com os representantes dos poderes. Tudo começou por volta de 1870. Os dois países às margens do Rio da Prata, Argentina e Uruguai, ainda eram regiões predominantemente rurais e seus governos decidiram desenvolver uma política de modernização e povoamento – o que os levou a recorrer maciçamente à mão de obra estrangeira. Foram inúmeros os imigrantes, principalmente homens provenientes da Itália e da Espanha, que tentaram a sorte…