Tráfico de influência na África
Quase despercebida, a IV Cúpula Afro-Árabe aconteceu em Malabo (Guiné Equatorial) nos dias 23 e 24 de novembro. O encontro traduziu o interesse crescente dos países do Golfo pela África e, no caso desta, uma diversificação inédita de seus parceiros. Os países situados ao sul do Saara redefinem sua inserção, até então submissa, na geopolítica mundialAnne-Cécile Robert
Maio de 2015. A pedido de Riad, o Senegal decidiu “empregar na terra santa da Arábia Saudita um contingente de 2,1 mil homens” com o objetivo de “participar da estabilização da região” e “garantir a segurança dos locais santos do islã”.1 O anúncio teve o efeito de uma bomba na capital, Dacar, onde se teme um beco sem saída no lamaçal da guerra ao Iêmen.2 Um ano depois, o número de soldados realmente enviados pelo pequeno país da África ocidental permanece vago, mas o gesto continua simbólico da vasta recomposição das relações internacionais do continente negro. A maior mudança para a África contemporânea reside em uma diversificação inédita de seus parceiros, concomitante com taxas de crescimento elevadas. Desde os anos 2000, seis países subsaarianos figuram sistematicamente entre os dez com maior crescimento do mundo. Entre 2010 e 2015, estes foram: Zâmbia, Gana, República Democrática do Congo (RDC), Nigéria, Etiópia e…