Algumas semanas após a ascensão de Emmanuel Macron ao poder, um de seus partidários, o atual presidente da Comissão de Relações Exteriores da Assembleia Nacional, resumiu assim a orientação econômica e social que seria adotada: “Objetivamente, os problemas deste país implicam soluções favoráveis aos ganhos elevados”.1 Esses privilegiados não deixaram de se mostrar agradecidos a seu benfeitor, pois, de 2017 a 2022, do primeiro turno de uma eleição presidencial a outro, Macron viu seu apoio entre os mais ricos passar de 34% para 48%. A esquerda, quando no poder, raramente exibiu tamanha maestria em satisfazer seus eleitores... Como a popularidade do chefe de Estado ampliou-se também junto aos eleitores com mais de 65 anos (aumento de doze pontos percentuais de um escrutínio presidencial a outro), pode-se medir o tamanho da “coragem” que Macron alardeia quando procura convencer o país a aceitar uma “reforma” das aposentadorias cujas principais vítimas serão as…