Um império à beira do colapso
Pela primeira vez desde o Ato Único de 1986, as forças políticas conservadoras e nacionalistas mais poderosas do continente europeu não defendem a saída da União Europeia, mas a submissão do bloco ao seu programa, um desafio ao qual se soma o Brexit e que agrava as tensões no seio da comunidade dominada por uma Alemanha sem projeto
O que é a União Europeia? O conceito mais próximo que vem à mente é o de um império liberal, ou melhor, neoliberal: um bloco hierarquicamente estruturado e composto por Estados nominalmente soberanos cuja estabilidade é mantida por meio de uma distribuição do poder que vai do centro para a periferia. No centro está uma Alemanha que tenta, com mais ou menos sucesso, esconder-se no interior do núcleo duro da Europa (Kerneuropa), o qual ela integra junto com a França. Ela não quer ser vista como aquilo que os britânicos chamavam de “unificadora do continente”, embora seja exatamente isso. O fato de esconder-se atrás da França é, para esta, uma fonte de poder. Como os outros países imperiais, a começar pelos Estados Unidos, a Alemanha se percebe – e quer que os outros a vejam – como uma potência hegemônica benevolente, que difunde para seus vizinhos um bom sentido universal…