Um livro para cada ocasião
Durante o tempo que passou no cárcere, Oscar Wilde pediu para ler “A ilha do tesouro”, de Stevenson. Já Alexandre, o Grande, levou com ele em suas batalhas um exemplar de “A Ilíada”, de Homero. Por que em certos momentos de nossa vida escolhemos a companhia de um livro mais que a de outro?
Em 2008, duas semanas antes do Natal, soube que teria de ser operado com urgência; na verdade, a urgência era tanta, que não tive tempo de arrumar minha bagagem. Me vi estirado numa sala de hospital, totalmente nu, com mal-estar e inquieto, e um único livro: o que estava lendo naquela manhã, o maravilhoso romance de Cees Nooteboom, Dans les montagnes des Pays-Bas, que terminei horas depois. Passar 14 dias em convalescença sem ter nada para ler me parecia uma tortura insuportável, e quando meu companheiro se propôs a buscar uns livros em minha biblioteca particular e levá-los ao hospital, aproveitei a oportunidade com gratidão. Mas que livros eu queria? O autor de Eclesiastes e o cantor Pete Seeger nos ensinaram que há ocasião para tudo. Eu acrescentaria, no mesmo sentido, que há um livro para todas as ocasiões. Mas os leitores aprenderam que nem todo livro convém a qualquer…