Um país em constante ebulição
Esgotamento do modelo político e de desenvolvimento econômico do Movimento ao Socialismo (MAS) se expressa em elementos econômicos e ecológicos, mas também políticos
Os meses de junho, julho e agosto de 2024 representaram uma espécie de aceleração do tempo político na Bolívia. Diversas crises que estavam em gestação eclodiram. Uma quartelada – caricatural tentativa de golpe militar – para depor o presidente Luis Arce, uma disputa fratricida dentro do maior partido do país, o desabastecimento de combustíveis e sinais de um colapso ecológico crescente: todos parecem ser elementos de um país em ebulição. O quadro de instabilidade é bastante diverso do que o país viveu na primeira década e meia dos anos 2000, quando o Movimento ao Socialismo (MAS-IPSP, partido de Arce e do ex-presidente Evo Morales) conduziu um importante ciclo de inclusão social e distribuição de renda, com bons resultados no combate à pobreza e com uma economia alavancada pela exportação de commodities. Desde 2016, porém, o cenário político boliviano parece estar preso tanto nas raízes como nas consequências do golpe reacionário…