Um tráfico de especialistas
No ranking do tráfico internacional, o comércio ilegal de obras de arte ocupa o terceiro lugar, atrás apenas das drogas e das armas. Ele prospera apesar da criação de unidades de investigação especializadas e da tomada de consciência do que representa para os países roubados. Na Itália, o tráfico conjuga práticas de vigaristas estabelecidos e a lavagem de obras por parte de especialistas
A questão de restituir obras outrora roubadas de países colonizados, assim como as pilhagens recentes em zonas atormentadas pela instabilidade, torna claras as disputas, principalmente políticas e simbólicas, do tráfico de arte. Contudo, esses negócios clandestinos também operam, há séculos, sem nenhum derramamento de sangue, graças às fragilidades da legalidade, intervindo na oferta e na demanda e movimentando somas consideráveis: “O comércio ilícito de bens culturais ocupa o terceiro lugar no rol das atividades criminosas internacionais, depois do tráfico de drogas e de armas”, expressa com precisão o Courrier de l’Unesco (9 out. 2020). A pilhagem do patrimônio da Itália, rico em vestígios etruscos, gregos e romanos, com destino principalmente aos Estados Unidos e a seus milhares de museus, durou cerca de sessenta anos e salienta a importância financeira desse “comércio”, seu papel na busca de prestígio e as dificuldades encontradas pelos representantes da lei. “Entre nós, vale mais roubar…