Uma política externa eleitoralmente orientada
Naturalmente, todo governante quer ser reeleito e se manter no poder – mas não faz disso seu objetivo principal de governo
Historicamente, as diretrizes centrais da diplomacia brasileira foram associadas a princípios como solução pacífica de controvérsias e negociação. Na retórica diplomática, o Brasil era um país “sem excedente de poder”, nas palavras do ex-chanceler Saraiva Guerreiro, e, portanto, deveria apresentar-se como uma alternativa ao uso da força militar, que favorecia as grandes potências. Paralelamente a essa estratégia, a prática também mostrou para o Brasil que a aliança com outros países de interesses semelhantes era vantajosa. Seja pelo peso quantitativo, capaz de ganhar votações em processos decisórios, seja pelo aumento da capilaridade e da legitimidade, o Brasil, paulatinamente, marcou a posição de não apenas defensor, mas também de promotor do diálogo. Capaz de ensejar fóruns para alianças e normatizar o comportamento das grandes potências, as instituições multilaterais consubstanciaram um mecanismo central para a política externa brasileira. Dessa forma, a diplomacia multilateral brasileira funcionaria como uma oportunidade de minimizar os efeitos da…