Vacinas e Covid, as origens de uma desconfiança
A injeção maciça de dinheiro público para combater a Covid-19 não afrouxou o controle da indústria farmacêutica sobre a produção da informação médica. Muitas vezes usado para justificar ataques às liberdades, o recurso a um vocabulário científico perdeu significado, favorecendo, em troca, discursos simplistas. Três anos depois do início da pandemia, uma avaliação mais documentada das políticas de saúde pública ainda precisa ser feita
Desenvolvidas com urgência para combater a Covid-19, as vacinas Comirnaty (da Pfizer/BioNTech) e Spikevax (da Moderna) foram um “enorme progresso terapêutico”, com uma “acentuada redução do risco de formas sintomáticas, inclusive as graves”, estima a única revista médica em língua francesa independente da indústria farmacêutica. Em janeiro de 2022, a Prescrire concedeu a essas vacinas o prêmio Pilule d’Or [Pílula de Ouro] de 2021, considerando que elas trouxeram “progressos terapêuticos decisivos em uma área na qual doentes e cuidadores estavam totalmente desvalidos”. No momento em que uma pandemia devastava o planeta, com muitos sistemas de saúde já exaustos por causa de um subfinanciamento crônico, e nisso a França se destaca, a chegada dessas vacinas foi saudada como a promessa de um retorno à vida “normal”. Porém, a façanha científica não pode esconder os erros das autoridades e reguladores sanitários, nem a falta de informação para os cidadãos. Dado o enorme…