Vitória do pluralismo…
Garantir a liberdade de expressão, por vezes, implica restringi-la? O canal de televisão francês Arte aceitou em 2017 a produção de um documentário sobre a vida no Tibete feudal, pré-revolução chinesa. Anos depois, diante da obra realizada, a qual põe em dúvida a visão ocidental sobre a região, a emissora decidiu rever sua exibição
O mundo flerta com o abismo sem sequer se dar conta. A televisão francesa acaba de ficar a um passo da catástrofe. Tudo começou quando Jean-Michel Carré – autor de mais de trinta documentários, indicado ao César em 1977 e vencedor de cerca de quinze prêmios – decidiu se interessar pelo Tibete. Um tema bem delimitado. Qualquer jornalista pode expor as questões envolvidas no conflito sem sair do escritório. O Tibete, “um mundo de paz”, “de serenidade” e de espiritualidade, teria conhecido uma idade de ouro antes da violenta invasão chinesa de 1950.1 Obrigado a fugir para a Índia em 1959, o dalai-lama tenta desde então obter autonomia em relação a um invasor determinado a esmagar a cultura e a língua locais. A imagem idílica, magnífica, fez do Tibete uma das mais célebres causas da luta pelos direitos humanos travada pelo “mundo livre” desde os anos 1980. Inicialmente contra a…