A assimilação do preconceito
Há quase cem anos, africanos originários de ex-colônias francesas vêm ocupando lugares de destaque na política nacional. O governo de Sarkozy é um exemplo disto. Mas desde sempre, seu passaporte para a cúpula estatal foi a negação do racismo e da discriminação
Já perdeu-se a conta dos comentários que surgiram como reação à entrada no governo francês de Rachida Dati, Rama Yade e Fadela Amara [1]. Quase todos diziam que era a "primeira vez" que a parcela da população "nascida da diversidade" chegava ao poder. Realmente, é preciso uma memória coletiva muito fraca para esquecer que o primeiro político "africano" [2] na metrópole foi Blaise Diagne, há quase um século. Nascido em 1872 no Senegal, Diagne foi inicialmente um funcionário administrativo da colônia. Empossado em Daomé (atual Benin), ele atuou também no Congo, na ilha Reunião, em Madagascar e na Guiana. Em 1914, teve sua primeira consagração: foi eleito deputado das quatro comunas do Senegal [3], cujos habitantes contavam com o privilégio, então único nas colônias, de serem considerados cidadãos. Muito atuante, chegou a secretário de Estado em 1917, durante a turbulenta Primeira Guerra Mundial. Por sua trajetória, Diagne é apresentado como o exemplo do…