A burguesia brasileira e a ofensiva neoliberal
As privatizações e as reformas neoliberais contra os trabalhadores granjearam o apoio do conjunto do grande capital ao governo Bolsonaro. No entanto, as políticas de abertura econômica e desregulamentação financeira indicam que, como um todo, a política econômica priorizou os interesses do grande capital internacional, em particular o capital financeiro, em detrimento do grande capital nacional
Em agosto de 2005, no auge da crise do primeiro governo Lula, o então presidente da Fiesp, Paulo Skaf, reunia-se com outros empresários brasileiros para manifestar apoio ao presidente e ao governo, qualificando como “descabidas e inoportunas as notícias de pedidos de impeachment”.1 Dez anos depois, o mesmo Skaf declarou o apoio da entidade ao impeachment de Dilma Rousseff, considerando esse processo o nascimento de “uma nova esperança”.2 Essa ambivalência política, ilustrada pelo caso da Fiesp, não é incidental, mas um traço constitutivo de uma fração da burguesia brasileira, a burguesia interna, que ao mesmo tempo que concorre com o capital internacional é dependente dele. Essa postura está registrada na literatura sobre o tema por meio da metáfora do pêndulo, que oscila entre o conflito e a subordinação ao capital internacional. Movimento pendular Quando prepondera a subordinação, essa fração burguesa tolera – ou é forçada a tolerar – as…