A cozinha coletiva como lugar de luta
A polêmica provocada pela introdução, em janeiro deste ano, de refeições vegetarianas nos refeitórios de Lyon pôs a merenda escolar sob os holofotes. Entretanto, as questões vão muito além da alimentação com carne ou mesmo do rótulo “orgânico”. Livre dos produtos industrializados, a cozinha coletiva pode se tornar um laboratório do “comer bem”
Desde que entrou em cena nos reality shows, a cozinha ganhou ares de nobreza, a ponto de se tornar um fator de distinção social. Os renomados cozinheiros, apresentados como criadores, indivíduos singulares e inspirados, expressam-se recriando pratos que se tornaram obras de arte. No outro extremo do espaço social e simbólico, a cozinha coletiva escolar parece condenada à mediocridade. Ela representa a cozinha pública, ao contrário da alta cozinha, privada e diferenciada. Refeições baratas, com um único cardápio que, em vez de clientes, alimenta usuários que não têm a opção de ir a outro lugar: alunos de todas as origens sociais. As crianças estão condenadas a comer produtos ruins e mal preparados? Em todos os estabelecimentos escolares da França, os chefes de cozinha dos refeitórios têm o direito e o poder de propor à direção das escolas fornecedores locais que escolheram, em vez de confiarem nos produtos alimentícios da agroindústria.…