A crise de segurança pública no Brasil não é de gestão, e sim de modelo
O modelo de segurança pública brasileiro não corresponde a um conjunto instrumental. Ao basear-se na lógica militar, cria-se em torno da guerra, e sua aplicação percorre o único percurso possível para este preâmbulo: a “eliminação do inimigo”. É, portanto, constitucionalmente concebido para a produção da morte
O Brasil mantém uma das mais aviltantes taxas de homicídio entre todos os países do mundo. Segundo dados divulgados pelo Escritório sobre Drogas e Crimes das Nações Unidas em 2023, chegamos ao primeiro lugar em números absolutos, respondendo por 10,1% dos casos entre 119 países que participaram do estudo. Por outro lado, ficamos em terceiro lugar no número de pessoas encarceradas, entre todos os países do planeta. Se pensarmos que um grande número de seus familiares também tem a vida mobilizada fora do cárcere, certamente teremos milhões de pessoas impactadas pelo sistema prisional, incluindo as que nunca cumpriram pena, mas fazem visitas, buscam advogados, sofrem com a ausência, se empobrecem ainda mais para não abandonar seus entes atrás das grandes. Esse quadro não é novo e trata-se, sem dúvida, da mais importante questão para a democracia brasileira. Em 2025, a segurança pública lidera um ranking divulgado pela Genial/Quaest, em que…