A crise não refluiu
Mesmo com o desvelamento inequívoco da conspiração antidemocrática, que em tese deveria dar margem para colocar a extrema direita em apuros, quem permanece na defensiva é o governo. As dificuldades de enfrentamento do golpismo e da questão militar não são estranhas ao outro eixo em que o governo patina para tomar rumo: as políticas sociais
Quando Lula ganhou em 2022, naquela eleição apertada, e pegou um país arrasado, com uma extrema direita fortíssima no Congresso, nos governos estaduais, nas ruas e nas redes, ninguém achava que ia ser fácil. Mas está sendo ainda pior do que imaginado – e, chegando à metade do mandato, a situação continua igualmente desafiadora. O cenário para as eleições de 2026 é nebuloso, para dizer o mínimo. E, na eventualidade do retorno da extrema direita ao poder, as instituições democráticas não parecem mais fortes ou capazes de se proteger. Eram muitas as tarefas para o novo governo. Vou me ater sobretudo a uma delas, que pode ser desdobrada em três facetas: estancar as ameaças à democracia, conter a agitação de uma direita extremada e restaurar a vigência da Constituição de 1988. Trata-se, portanto, de desfazer não apenas o bolsonarismo, mas também o golpe de 2016, que foi o momento em…