A encruzilhada do movimento sindical chileno
Sempre que o movimento sindical depositou sua confiança de que as mudanças viriam do Estado, ele acabou sendo usado como moeda de troca nas negociações entre governo e oposição
Para determinar os desafios dos sindicatos e do movimento operário no Chile atual, devemos considerar os efeitos do modelo sindical instalado durante a ditadura e do pacto de transição resultante do acordo entre a CUT [Central Unitaria de Trabajadores] e o governo de Patricio Aylwin [1990-1994], o qual subordinou de 1990 a 2000 as aspirações da classe trabalhadora à consolidação da transição e aos interesses da direita e dos empresários. Como resultado do desgaste do ciclo neoliberal, especialmente após a crise asiática, começou um processo de reorganização e luta nos setores mais precarizados da classe trabalhadora, questionando o pacto de transição e suas lideranças. Exemplos desse processo foram greves importantes em setores estratégicos como o cobre (2005/2006), salmão (2007) e florestal (2009). Diante desses processos, o Estado reagiu com repressão, resultando na perda de vidas de trabalhadores como Rodrigo Cisternas ou Nelson Quichillao. Esse fenômeno se estendeu a outros setores-chave…