A era dos autoproclamados justiceiros
Milícias vigiam as fronteiras, grupos organizados perseguem comportamentos “imorais”, patrulheiros solitários substituem forças políticas “sobrecarregadas” ou “frágeis demais”: em todo o mundo, pessoas tomam a justiça nas próprias mãos em nome de uma concepção em geral reacionária da lei, uma prática estimulada e amplificada pelas redes sociais
“Ao ataque!” Na noite de uma sexta-feira de julho de 2021, Mikhail Lazutin deu o sinal de largada. Ele atravessou o portal da Praça Kalinin, onde uma centena de cidadãos de visual rebelde se divertia, barulhentos e embriagados. Acompanhado por cinco imponentes colegas e duas câmeras, o líder da Lev Protiv (Leão Contra), um moscovita de 25 anos, estava atendendo ao pedido de socorro de uma vizinha, exasperada pelo repetido barulho que, segundo ela, não deixava seus filhos dormirem. No local, os jovens boêmios já conheciam o famoso youtuber e sua equipe de desmancha-prazeres, que iniciaram a ronda habitual, praticada há sete anos: alguns os cumprimentaram com sarcasmo, outros cerraram os punhos, outros preferiram ir embora. Assumindo mais uma vez seu papel de retificador de maus comportamentos, em uma praça onde o consumo de álcool e de tabaco é em princípio proibido, Lazutin obrigou os infratores a parar de beber…