A Europa conservadora que está por vir
A eleição europeia de 9 de junho não modificou os equilíbrios políticos no Parlamento. As direitas nacionalistas avançam, mas permanecem desunidas; liberais e ecologistas recuam; sociais-democratas e o Partido Popular mantêm sua posição dominante. Porém, por trás dessa aparente continuidade, emerge um bloco ideológico neoconservador encarnado por Ursula von der Leyen
Quando Ursula von der Leyen obteve, em julho de 2019, a estreita maioria que a impulsionou ao cargo de presidenta da Comissão Europeia, imaginava-se que essa figura, bastante ao centro da democracia cristã alemã, se contentaria em cumprir as tradicionais tarefas associadas à sua função: dar forma à burocracia de Bruxelas, que, por vezes, é suspeita de viver em outro planeta; e avançar com cautela na corda bamba do equilíbrio entre o Partido Popular e os sociais-democratas, que, com os liberais, cogerenciam o Parlamento Europeu. No entanto, a pandemia de Covid-19 e a guerra na Ucrânia mudaram o cenário. Aproveitando as lacunas institucionais da Europa política, Von der Leyen impôs novas orientações em termos de defesa, meio ambiente e imigração, sem contrariar exageradamente as convicções dos partidários mais zelosos da Europa federal nem desagradar às sensibilidades progressistas e conservadoras. Ao custo de ter de adotar manobras ziguezagueantes: após seu plano…