A internet em quilombos e áreas rurais do Nordeste
Longe de ser um caso isolado, a realidade vivenciada pelo quilombo Sumidouro, impossibilitado pela pandemia e pela falta de internet de seguir negociações com empreendimentos de energia eólica em sua região, é emblemática de um cenário mais amplo de negação do acesso à rede e às tecnologias digitais aos grupos mais vulnerabilizados da população
Quando o Brasil registrou os primeiros casos de contaminação por Covid-19, as famílias do quilombo Sumidouro, em Queimada Nova, Piauí, estavam em processo de negociação com empresas responsáveis por megaempreendimentos de energia eólica que, há alguns anos, têm provocado uma série de ameaças socioambientais. Com as medidas de distanciamento social, as reuniões passaram a ser realizadas remotamente. Mas, nessa nova condição, como garantir a participação da comunidade nas discussões quando apenas 30% das famílias têm acesso à internet e nenhuma possui computador em casa? Não podemos esquecer que, conforme estabelecido na Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho, ratificada pelo Brasil em 2003, os povos e comunidades tradicionais devem ser consultados sobre projetos econômicos que pretendem se instalar num raio de até 5 quilômetros de seus territórios. Longe de ser um caso isolado, a realidade vivenciada pelo Sumidouro é emblemática de um cenário mais amplo de negação do acesso à…