Entre todos os livros que escrevi, este é sem dúvida o mais pessoal. Primeiro, porque é o único livro que escrevi sozinho: todos os outros foram feitos em conjunto com Christian Laval, desde La nouvelle raison du monde (2009) [A nova razão do mundo, Boitempo, 2016) até Dominer (2020, sem publicação no Brasil). Porém, também é pessoal porque escrevê-lo despertou em mim um sentido que nunca havia exercitado com tanta intensidade, o da empatia política à distância. Essa expressão incomum requer uma explicação.  Para começar, minha geração (que em 1973 tinha cerca de 20 anos) foi marcada para sempre pelo Chile, ao mesmo tempo animada pelo impulso da Unidade Popular e traumatizada pelo golpe de Estado de Pinochet. Muito tempo depois, no final de setembro de 2016, fui ao Chile pela primeira vez, convidado para os “Encontros Transdisciplinares de Estudos sobre Governamentalidade” na Faculdade de Ciências Sociais de Santiago. Esse…