A Questão Palestina vista de Moscou
Por causa de sua história diplomática, a Rússia está entre as poucas potências que mantêm relações com todas as partes do conflito israelo-palestino, incluindo o Hamas. No entanto, seu papel de mediadora permanece limitado no contexto do confronto russo-ocidental na Ucrânia e da monopolização do caso pelos Estados Unidos
O ataque do Hamas contra Israel em 7 de outubro e a guerra lançada pelo Exército israelense contra Gaza, combinada com a repressão na Cisjordânia, trouxeram a Questão Palestina de volta ao centro da atenção internacional. Muitos observadores acreditavam que ela estava totalmente marginalizada desde a normalização das relações entre Tel Aviv e alguns Estados árabes no âmbito dos Acordos de Abraão assinados em 2020. A perspectiva de uma normalização das relações de Israel com a Arábia Saudita parecia confirmar esse julgamento. Em Moscou, especialistas e autoridades políticas não compartilhavam dessa opinião: tradicionalmente, a Rússia coloca a criação de um Estado palestino no centro da questão de segurança no Oriente Médio. Assim, após o dia 7 de outubro, a reação de Moscou incluiu uma condenação igual ao ataque do Hamas, “para o qual não há justificativa”, e aos “bombardeios indiscriminados contra os bairros residenciais de Gaza”;1 e apelos reiterados a…