Ajuda militarizada
A operação militar montada pelos Estados Unidos após o terremoto devastador no Haiti é um exemplo de como guerra e ajuda humanitária já dividem as mesmas trincheiras na geopolítica. A tragédia foi a brecha para estadunidenses realocarem tropas no Caribe e mostrarem que podem atropelar vizinhos e as Nações Unidas
A lembrança da destruição do terremoto no Haiti tem cheiro e imagem: os cadáveres negros em Porto Príncipe levados por caminhões para serem enterrados em valas comuns, sem identificação, empilhados como lixo de um aterro. E mesmo essa violenta imagem é pequena para o tamanho do drama de um país, que, agora, ganhou para si mais um rótulo entre os tantos de seu empobrecimento. O de possuir uma “geração de desaparecidos”, que se perdeu em uma das piores catástrofes desde o tsunami asiático e das bombas de Hiroshima e Nagasaki. O tremor de 7 graus na escala Richter foi arrasador. Derrubou o QG da burocracia das Nações Unidas, além do Congresso haitiano, prédios ministeriais e o palácio presidencial, símbolo máximo do governo nacional que tentava andar com as próprias pernas desde a eleição de 2006. O colapso da sede do governo, uma espécie de Casa Branca caribenha, foi o símbolo…