Aliança para todos os gostos
No novo mundo multipolar, os mesmos atores podem ser tanto aliados quanto oponentes. Rússia e China aceitam o discurso antiterrorista de Washington ao mesmo tempo que mantêm ligações com Teerã. Lutando em seu país contra a hierarquia católica, Hugo Chávez apóia o religioso Ahmadinejad. E por aí vai…
Atualmente, o enfraquecimento do mundo unipolar na virada do século passado e a emergência de novos países no cenário comercial – Brasil, China, Índia, África do Sul etc. – acentuam ainda mais os confrontos, considerando que o neoliberalismo transforma os bens vitais em recursos raros – água, terras cultiváveis, hidrocarbonetos etc. Sim, é fato que a solidez e a preeminência dos interesses ocidentais alimentaram as ilusões da construção de um relativo equilíbrio mundial: os intercâmbios transatlânticos ainda são o principal motor das relações comerciais, e a força americana parece garantir certa estabilidade. Mas o mundo unipolar oriundo dos anos 1990 revelou contradições até então ocultas. Os sucessivos planos de recuperação expuseram a fragilidade da economia americana. Desde 2003 em sua intervenção no Iraque, os Estados Unidos, enfraquecidos, sofrem o fracasso do hard power militar. Os recursos orçamentários já não estão à altura da situação e as próprias Forças Armadas estão…