As lutas sociais da América Latina nas encruzilhadas do neoliberalismo
Os adeptos da ideologia neodesenvolvimentista reforçam a lógica do capital contra o trabalho e demarcam uma nova fase em que as lutas sociais se darão em um ambiente social ainda mais empobrecido, endividado, violentado nos direitos sociais e ameaçado por um cotidiano de naturalização da criminalização, como mecanismo de contenção dos levantes populares
No século XXI, a América Latina vivenciou processos políticos que se apresentaram como renovadores, após trinta anos de ofensiva neoliberal no continente. Transcorridos dezessete anos de experiências eleitorais de representantes populares que se colocavam como alternativa à lógica estrutural do capital, algumas reflexões são necessárias. Entre elas, cabe perguntar em que medida a alternativa de fato se consolidou. Ou se, ao contrário, houve apenas uma mudança no ritmo do capital, com o objetivo de driblar a crise estrutural emanada da nova fase imperialista. A fim de transitar por essas reflexões, apresentamos didaticamente três momentos-chave da ofensiva neoliberal – nascimento, freio e retomada na aceleração –, partindo da premissa do caráter desigual e combinado da reprodução metabólica do capital no âmbito mundial com vistas à manutenção de sua ordem. A questionável ordem do progresso (anos 1970 e 1980) Ao longo das décadas de 1970 e 1980, algumas situações se complexificaram no…