Às margens do Rio do desenvolvimento
No Rio de Janeiro, entre a serra e o mar, populações pobres enfrentam a poluição e o racismo impostos pelos megaprojetos. Uma caravana de movimentos sociais seguiu a trilha das resistências
Nos últimos quinze anos, projetos de siderúrgicas, refinarias, termelétricas e grandes hidrelétricas pipocaram Brasil afora, à base de muita isenção fiscal e financiamento público a juros e prazos atrativos para investidores nacionais e estrangeiros. De outra parte, programas sociais importantes e diversas outras políticas de inclusão e equidade eram mantidos. Trabalhadores e empresários pareciam ter motivos para satisfação nesse capitalismo brasileiro emergente. Se é bem sabido que tal modelo ajudou amplos setores sociais a transformar sua vida e seu papel na sociedade, não se pode ocultar que o boom de megaempreendimentos afetou modos de vida tradicionais de populações ribeirinhas, caiçaras, quilombolas, pescadoras, deixando-as à margem de um propagado desenvolvimento, cuja promessa era alcançar a todos. No contexto pós-golpe de 2016, de encurtamento tremendo do Estado, a situação piora com uma agenda de privatizações em larga escala, na qual se vive o afrouxamento das regras de licenciamento ambiental para grandes projetos…