Brasília se afasta de Washington
Treinamento no Vietnã, aposta no Conselho Sul-Americano de Defesa, aliança com a França: diante do hegemonismo da política externa norte-americana, o Brasil abandona seu alinhamento tradicional e busca alternativas próprias
Em 2004, um ano depois dos “ataques preventivos” dos Estados Unidos contra o Iraque e quatro anos antes da ofensiva colombiana no Equador, o Estado-Maior do Exército brasileiro enviou um grupo de oficiais ao Vietnã para aprender as técnicas de guerra de guerrilhas com que o Vietcong derrotou as tropas americanas três décadas atrás1. Objetivo: a defesa do Amazonas ante a ocupação por uma força “militarmente muito superior”. Logo após a primeira missão militar brasileira regressar do Vietnã, o chefe do Comando Militar da Amazônia (CMA), general Cláudio Barbosa Figueiredo, declarou que parte dos 25 mil homens que integram sua força na selva é treinada na Doutrina da Resistência, que contempla ações de guerra de guerrilhas contra um inimigo hipoteticamente superior. Essa força “militarmente muito superior” não foi identificada, mas, na América, só existe uma: os Estados Unidos. O general deixou entrever que, entre os cenários de guerra considerados pelo…