“Calem a boca!”
No entanto, quando os direitistas norte-americanos se indignam com isso, sentimo-nos quase tentados a perguntar-lhes: não foram vocês e seus pensadores de Chicago os responsáveis pela ideia de que o poder público não deve reprimir o poderio das empresas nem a fortuna de seus proprietários, legitimados a seu ver pela livre escolha dos consumidores? Pois bem, hoje vocês próprios se tornaram vítimas desse “populismo de mercado”.
Em 9 de janeiro de 2021, onze dias antes do fim do mandato de Donald Trump e quando até uma parte de seus mais fiéis republicanos o abandonaram, o Twitter encerrou sua conta e o Facebook a suspendeu. Os delitos do ex-presidente não eram, entretanto, piores que os da CIA ou de outros chefes de Estado cujas contas jamais foram ameaçadas; alegar (erroneamente) que sua derrota eleitoral se deveu a uma fraude não é mais censurável que ter ameaçado (no Twitter) a Coreia do Norte com fogo nuclear. E os “discursos de ódio” que as plataformas eletrônicas recriminam hoje em Trump, depois de se beneficiar enormemente deles, não igualam a gravidade extrema dos que essas mesmas redes “sociais” difundiram em Myanmar ou na Índia contra as minorias muçulmanas. É que o Twitter e o Facebook não se caracterizam pela coerência nem pela coragem. Animados pela incrível tolerância com a qual…